
O Egito nunca sussurra. Fala alto, em ecos que se propagam pelo vento que sopra do deserto, pelo brilho da areia e pela quietude que vem logo a seguir. Quando cheguei a Gizé, aquele mesmo ar trazia uma sensação de expectativa. O Grande Museu Egípcio (GEM – Grand Egyptian Museum), em construção há anos, estava finalmente prestes a abrir.
Estive lá durante o que podemos considerar a sua soft opening (em setembro de 2025), uma abertura discreta para viajantes com sorte suficiente para entrar antes que o mundo inteiro o fizesse. Não estava vazio. Ouvia-se o som dos passos dos visitantes, as conversas suaves em árabe e inglês e o clique das câmaras. Ainda assim, havia uma calma no ar, como se o edifício estivesse a aprender a respirar.
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A primeira visão do Grande Museu Egípcio
Não se vê apenas o GEM; aproxima-se dele com expectativa. Da estrada que vem do planalto de Gizé, ele ergue-se como uma miragem de geometria e luz. Cada linha da fachada inclina-se em direção às pirâmides, reconhecendo a sua autoridade antiga sem tentar ofuscá-las.
Quando cheguei, o calor seguiu-me no buggy que me levou da bilheteira até à entrada principal. Aquele calor egípcio que te envolve como um cobertor. Depois, veio a escala. O museu não parece tão grande até estares diante dele, reduzido à sua sombra. Pedra clara. Detalhes em metal e cobre.
Ao entrares, tudo muda. O som suaviza, a temperatura desce, a luz torna-se líquida. E ali, bem no centro, está Ramsés II, com os seus nove metros de confiança talhados em pedra. Esperou décadas por este momento, colocado aqui como guardião do passado do Egito. As pessoas reúnem-se à volta, telemóveis na mão, vozes baixas. A estátua absorve tudo em silêncio.


O peso da antecipação
Grande parte do museu já estava aberta quando o visitei, com os seus vastos salões a estender-se em linhas simétricas e a escadaria monumental a subir como um caminho no tempo. Algumas alas, porém, ainda estavam fechadas, incluindo a que acolhe a coleção de Tutankhamon, cuja grande estreia está marcada para 1 de novembro de 2025, no dia da abertura oficial do museu.
Vais querer vê-la quando fores. Todos vão. Pela primeira vez, todas as 5.000 peças encontradas no túmulo do jovem faraó são exibidas juntas, desde a máscara dourada até às sandálias, aos pequenos cofres de mel deixados para a sua viagem na eternidade.
Grande Museu Egípcio: Luz, escala, silêncio

Sobe devagar a Grande Escadaria. É um dos espaços de museu mais extraordinários que alguma vez verás, com estátuas imponentes em ambos os lados e fragmentos de templos dispostos como uma orquestra de pedra. A meio caminho, para. Olha para trás. Lá fora, as pirâmides alinham-se perfeitamente ao horizonte. O traço arquitetónico do GEM foi deliberado e diz tudo sobre a conceção deste museu.
Vais reparar como a luz muda à medida que avanças. De manhã, é dourada; ao meio-dia, torna-se branca; à tarde, desliza para tons de âmbar. O museu respira com o sol.
Uma das coisas mais belas no GEM é que, dentro destas paredes, estás rodeado pela história de uma civilização e, logo além do vidro, podes vê-la.



O ritmo de uma soft opening
Há uma intimidade única em ver um lugar quase pronto. Ainda não totalmente polido, nem cheio. Os grupos moviam-se lentamente à minha volta. Famílias, estudantes locais, oficiais de fato e gravata. Ocasionalmente, alguém parava diante de uma vitrine, inclinava-se e permanecia ali, perdido em pensamento.
Senti o mesmo. Aquela não era apenas mais uma visita a um museu; era como caminhar por um despertar. O Egito reclamava a sua própria história, uma exposição de cada vez.
Também o vais sentir. Quando fores, vai com calma. Senta-te no café do átrio. Observa a luz a subir pelo rosto de Ramsés. Nota como o som dos passos se dissolve à distância. Não é o vazio que emociona, mas sim o sentimento do que está por vir.
Uma nova forma de experienciar o Egito
O antigo Museu Egípcio do Cairo terá sempre o seu encanto. O bonito caos, o cheiro de idade e pó. Mas o Grande Museu Egípcio é diferente. É ordem e abertura. São espaço e silêncio usados como parte da narrativa.
Vais caminhar por galerias que traçam o arco da civilização egípcia, desde as ferramentas pré-dinásticas até à escultura greco-romana. Cada objeto é iluminado com intenção, cada texto foi escrito para te guiar sem sobrecarregar. Começas a perceber que o museu não está apenas a mostrar história, mas a interpretá-la.
Um dos meus momentos favoritos aconteceu numa galeria, onde um guia explicava um baixo-relevo a um grupo de visitantes. Os rostos iluminavam-se à luz da vitrine. “Esta é a nossa história”, disse-lhes. E talvez seja exatamente isso que este projeto pretende: devolver o passado ao seu povo.




Se planeias visitar
Vais precisar de tempo, pelo menos metade de um dia, idealmente mais. O Grande Museu Egípcio abre oficialmente ao público a 4 de novembro de 2025 e podes consultar o site visit-gem.com para atualizações e informações sobre bilhetes. Os bilhetes podem ser comprados online ou no local, mas é recomendável reservar com antecedência, especialmente em épocas de maior afluência, para garantir a entrada e evitar filas longas.
Vai cedo. A luz da manhã é mais suave, as multidões menores, o calor do deserto ainda suportável. Leva água e uns bons sapatos, pois o museu estende-se por milhares de metros quadrados. Há cafés e restaurantes no interior, caso precises de uma refeição ou pausa para café. Há também pontos de reabastecimento de água.
Faz pausas. Senta-te junto às paredes de vidro, onde podes ver as pirâmides. Deixa o olhar repousar naquele horizonte, com o passado e o presente no mesmo enquadramento. E, se puderes, fica a dormir em Gizé. Ver o pôr do sol sobre as pirâmides, depois de passares horas dentro do museu, é como fechar um livro que não queres terminar.
GEM, uma declaração ao mundo
O GEM não é apenas mais um museu. É o Egito a dizer: ainda estamos aqui. O património do país não está preso ao passado. Pelo contrário: está vivo, dinâmico, resiliente.
Construído com design sustentável e equipado com laboratórios de conservação de ponta, o museu não é apenas sobre preservação. É sobre possibilidades. Vais senti-lo no rosto dos egípcios, dos seguranças aos curadores. Vais senti-lo no próprio ar.
Quando sai, o sol já começava a descer, tingindo tudo de dourado. As pirâmides brilhavam à distância. Atrás de mim, o átrio ainda ecoava suavemente com vozes e passos.
Olhei uma última vez. Ramsés II permanecia imóvel, impassível perante os séculos, a observar o novo mundo que surgira à sua volta.
O Grande Museu Egípcio é mais do que um edifício. É uma ponte entre milénios, um lugar onde vais sentir o pulso de uma civilização que se recusa a desaparecer. Quando o visitares, não te limites a olhar. Ouve. E sabe que o deserto ainda tem histórias para contar.






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Entrada / Grand Hall
Localização: zona de entrada principal, junto à Grande Escadaria, com janelas panorâmicas que oferecem uma vista direta para as pirâmides.
Destaques: a colossal estátua de Ramsés II e outros artefactos monumentais que recebem os visitantes à chegada.
O que fazer: tira alguns momentos para absorver a atmosfera, a luz e a primeira vista sobre o deserto. É o ponto de partida perfeito para começar a visita.
Grande Escadaria / Grand Staircase
Função: esta escadaria monumental — uma mistura de rampa e degraus — liga o átrio aos níveis principais de exposição, elevando-te gradualmente à mesma altura do planalto de Gizé.
O que vais ver: artefactos de grande escala, como estátuas e obeliscos, exibidos ao longo da subida, com janelas que enquadram a paisagem exterior.
Dica: faz uma pausa em cada patamar para observar e respirar — a progressão ascendente faz parte da experiência.
Galerias Principais da Exposição Permanente
Disposição: organizadas de forma cronológica e temática, abrangendo toda a história do Egito — desde o Período Pré-Dinástico até aos Reinos Antigo, Médio e Novo, e por fim a era greco-romana.
Percurso sugerido:
Galerias 1–3: Pré-Dinástico / Reino Antigo
Galerias 4–6: Reino Médio / Período Intermédio
Galerias 7–9: Novo Reino (a era faraónica “clássica”)
Galerias 10–12: Períodos tardios / greco-romano
O que esperar: uma sensação de tempo a desenrolar-se à medida que passas de sala em sala, observando a evolução da civilização através da arte, religião e vida quotidiana.
Galerias do Tutankhamon
Localização: área dedicada, claramente assinalada no mapa do museu.
Estado: poderá ainda estar parcialmente encerrada ou em fase de soft opening, dependendo da altura da visita.
Importância: esta secção reúne cerca de 5.000 objetos do túmulo de Tutankhamon, exibidos na íntegra pela primeira vez na história.
Nota: esta coleção é imperdível para a maioria dos visitantes, por isso prepara-te — poderá ser a zona mais concorrida do museu.
Centro de Conservação e Armazéns
Função: o coração do museu “por detrás das cortinas”, com laboratórios de conservação, restauro e investigação, além das principais áreas de armazenamento de artefactos.
Possível acesso: algumas áreas poderão incluir janelas de observação ou visitas guiadas para quem se interessa por ciência museológica.
Dica: se adoras restauro ou museologia, este espaço oferece uma visão rara dos bastidores de um dos projetos de preservação mais ambiciosos do mundo.
Museu Infantil / Zona Interativa para Famílias
Conceito: espaço concebido para visitantes mais jovens (dos 6 aos 12 anos), com atividades educativas, exposições interativas, experiências de realidade virtual e jogos sobre o Egito antigo.
Dica para famílias: se viajas com crianças, confirma com antecedência se esta área está aberta e incluída no bilhete.
Exposições Temporárias e Espaços de Eventos
Localização: normalmente situadas ao longo do corredor principal de circulação ou em áreas adaptáveis perto da entrada e das galerias.
O que esperar: exposições especiais rotativas, instalações multimédia e apresentações imersivas ou temáticas.
Dica: visita o site oficial antes de ires para veres o que está em exibição — as exposições temporárias podem acrescentar uma nova dimensão à tua visita.
Lojas, Cafés e Terraços com Vista para as Pirâmides
Função: áreas de descanso e lazer espalhadas pelo museu. O edifício foi projetado para que possas fazer pausas enquanto continuas a desfrutar da vista para as pirâmides.
Dica: reserva alguns minutos para subir a um terraço ou miradouro exterior. O panorama completa a experiência de estar à beira da história.