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Conhecer a Quinta da Pacheca

Quinta da Pacheca, Douro, Portugal
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O Douro sempre exerceu um verdadeiro fascínio em mim, até porque os vinhos que saem daquela região do norte de Portugal são presença assídua na minha mesa. Já tinha visitado a zona noutras ocasiões, primeiro numa viagem que fiz no comboio histórico e numa outra vez em que segui as curvas do rio a bordo de um antigo barco rabelo. Mas nunca antes tinha entrado nas encostas cobertas de vinhedos.

No início de setembro combinei com amigos (e também bloggers) do Porto, a Filipa e o Diogo (Intrepid Jumpers), e fomos fazer o Douro de carro.

Queria sentir de perto esta região, em especial numa altura em que as vindimas estão a decorrer e tudo parece ter mais vida.

Parte da ideia era experienciar a vivência duriense, passando pelas vinhas, conhecendo a produção vinícola e provando os néctares locais e foi na Quinta da Pacheca que tive uma verdadeira lição da cultura do Douro.

Quinta da Pacheca Marlene On The Move

A história da Quinta da Pacheca

Sem querer maçar muito com a história da Quinta da Pacheca, uma vez que ela é longa, não fosse este um dos produtores de vinhos mais antigos da região, há, contudo, alguns detalhes que tem que conhecer. Até para melhor compreender o local.

De facto, o seu passado remonta ao séc. XVI, quando as vinhas integravam os Mosteiros de Salzedas e de S. João de Tarouca. Mas é só em 1738 que surge o primeiro registo fazendo a menção ao nome “Pacheca”. Tal veio do facto de que quem geria a propriedade era D. Mariana Pacheco Pereira… sendo “Pacheca” a forma feminina do seu sobrenome.

Como qualquer mulher do norte de Portugal, seja agora ou então, D. Mariana seria forte e obstinada, de tal modo que o seu nome — ou pelo menos a sua adaptação feminina — perdura até aos dias de hoje como uma marca incontornável do Douro.

De acordo com a própria Quinta da Pacheca: “Com cerca de 75 hectares de vinhas próprias plantadas em Património Mundial da Humanidade, classificado pela UNESCO em 2001, a Quinta da Pacheca sempre esteve focada na produção de vinhos DOC do Douro e do Porto de qualidade e foi uma das primeiras na região a engarrafar Vinhos DOC com marca própria”.

Quinta da Pacheca, Douro, Portugal

Da vinha ao copo

Com uma presença incontornável na região, o tempo fez com que a Quinta da Pacheca evoluísse como produtora de vinhos do Douro, mas não só. O enoturismo é também uma clara aposta da propriedade nos dias que correm.

Com uma parte destinada ao alojamento (na Quinta da Pacheca é possível dormir dentro de barricas!), são as experiências de vindima que atraem muitos visitantes… incluindo eu!

Deixando para uma outra ocasião a apanha da uva, fui convidada a fazer uma visita que incluía conhecer a quinta, provar quatro vinhos e… pisar a uva!

A pisa da uva é uma tradição ancestral do Douro que ainda prevalece aos dias hoje. Embora o método de produção do vinho já esteja muito mecanizado, existem algumas quintas que ainda mantém esta “arte”, sendo a Pacheca uma delas.

Vinha Quinta da Pacheca grapevine

Mas vamos por partes.

Esta experiência na Quinta da Pacheca arranca junto à vinha, pois é a partir daqui que começa toda a vida na propriedade. A história que contei há pouco é aqui introduzida aos visitantes. É também neste local, a lançar o olhar sobre vinhas infinitas, que soube que atualmente a Quinta da Pacheca tem 75 hectares de vinha plantada e que da adega saem 415 mil litros de vinho por ano: 50% de tinto, 30% do famoso Porto e 20% de branco e rosé.

Do calor do meio da tarde, que me leva a recordar o quanto forte deve ser para quem anda pelos vinhedos a apanhar as uvas, passei para o interior da loja, onde foram apresentados alguns dos vinhos da vasta gama da Quinta da Pacheca: o Branco Reserva 2018, o tinto Lagar Nº1 (Reserva 2016), o Vintage Port 2018 e o Tawny Port de 30 anos… fantástico!

Vinha Quinta da Pacheca grapevine
Quinta da Pacheca, Douro, Portugal
Vinhos Quinta da Pacheca Wines

Primeiro estranha-se…

… depois entranha-se! Só assim consigo explicar a experiência da pisa da uva.

Fui convidada, em conjunto com os outros visitantes, a entrar num grande tanque de granito que mais se assemelhava a uma piscina com água espessa em tons grená.

A primeira vez que colocamos o pé no chão do lagar e sentimos as uvas a passarem pelo meio dos dedos é, no mínimo… estranho. Mas pouco tempo depois, a sensação ganha espaço em nós e passa até a ser agradável.

Apesar de nunca ter feito isto antes, logo uma cadência tomou conta de mim. Esquerda-direita, esquerda-direita. As pernas começaram a trabalhar sem que tivessem professor.

É uma experiência extraordinária, principalmente se feita com amigos, porque a risada é garantida. E mesmo com os outros participantes, apesar de ninguém se conhecer, gera-se um sentimento de camaradagem.

Por norma e se isto fosse uma “pisa à séria”, os trabalhadores estariam ali um bom par de horas, a marcar ritmo e a destruírem as uvas com os pés. No meu caso e apesar de nos ser dada liberdade em relação ao tempo, estivemos cerca de meia hora. O suficiente para dar ainda mais valor a quem faz desta atividade modo de vida.

Adega Quinta da Pacheca winery
Quinta da Pacheca Marlene On The Move Intrepid Jumpers

CURIOSIDADE!

As uvas que são pisadas nesta atividade na Quinta da Pacheca são mesmo aproveitadas para a produção do vinho. “Mas é higiénico?” estará a perguntar-se… fiz exactamente a mesma pergunta e o que me foi explicado é que todo o processo de fabrico a que o líquido é submetido até chegar à garrafa torna-o completamente seguro ao consumo.

Sabores à mesa da Pacheca

A experiência de vindima na Quinta da Pacheca pode incluir um jantar tradicional que tem lugar na adega. Infelizmente, não consegui fazê-lo desta vez. Mas, definitivamente, não fiquei mal servida, uma vez que optei por tomar a refeição no restaurante da quinta.

Com um serviço impecável, os sabores chegam à mesa, regados por vinhos da casa, como não podia deixar de ser.

Restaurante Quinta da Pacheca Restaurant
Marlene On The Move in Quinta da Pacheca

A visita à Quinta da Pacheca provou ser uma experiência extraordinária, repleta de tradição e conhecimento sobre a atividade que move esta região portuguesa reconhecida quer a nível nacional como internacional. A repetir, certamente.

Conhece o Douro? Alguma vez visitou uma quinta vinícola em Portugal ou noutro país? Conte a sua experiência na caixa de comentários em baixo.

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NOTA DA MARLENE:

Fiz esta visita a convite da Quinta da Pacheca e não posso deixar de agradecer toda a simpatia e hospitalidade com que fui recebida. Mas, como sempre, todas as fotos e opiniões são minhas, reflectindo de forma sincera toda a experiência.


Marlene On The Move

Marlene Marques

Marlene é a criadora do Marlene On The Move. Jornalista de profissão, criou o blog para partilhar as suas aventuras pelo Mundo. Não é raro partir à descoberta de novos países e culturas com a prancha de surf como bagagem.

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