
Dicas de Viagem às Pirâmides de Gizé: Burlas Comuns e Como Evitá-las

Guest post escrito por
Fernando · El Prisma de Fer
Viajante frequente, apaixonado por descobrir novos destinos e mergulhar em diferentes culturas.
Visitar as Pirâmides de Gizé sempre foi um dos meus grandes sonhos. Via-as em fotografias, documentários e postais, e pareciam-me distantes, quase míticas.
Por isso, quando finalmente cheguei ao Cairo, custava-me acreditar que estava ali, prestes a ver uma das últimas maravilhas do mundo antigo ainda de pé.
O que não esperava era a complexidade de visitar o local de forma independente. Mal saí da estação de metro, percebi que a tarefa não ia ser fácil.
Um Início Complicado: As Burlas Começam Logo na Estação de Metro
O primeiro sinal de alerta surgiu assim que saí na estação de Gizé. Antes sequer de olhar para o telemóvel, começaram a aproximar-se pessoas de todos os lados.
Alguns sorriam e falavam inglês perfeito; outros mostravam-se simpáticos e curiosos: “De onde és, meu amigo?”, “Ah, da Argentina! Adoro o Messi!”, diziam, antes de rapidamente acrescentarem: “Vem, eu mostro-te o caminho para as pirâmides, é perigoso ires sozinho.”
Cada um tinha a sua história. Um dizia estar a ir pela primeira vez com o filho pequeno e sugeria que fôssemos juntos. Outro fingia ser guia oficial. Houve ainda quem tentasse convencer-me de que a estrada principal estava cortada e que devia segui-los por um “atalho”.
Tudo falso. Todos tentam levar-te a algum lado — normalmente para uma “entrada especial” ou uma loja onde recebem comissão.
Como evitar? Não sigas ninguém, por mais simpático ou convincente que pareça. Mantém o teu plano, confia no mapa e segue sempre em frente até à entrada principal.
O verdadeiro perigo não está na rua, mas sim em deixares que alguém controle o teu caminho.

A Armadilha de Al Haram: Táxis e Charretes Fraudulentas

Outro momento complicado aconteceu quando decidi apanhar um táxi desde a estação até à entrada principal na Al Haram Street, junto à Grande Pirâmide de Khufu.
Parecia simples, mas a realidade foi outra. Assim que o motorista virou para a avenida principal, alguns homens que estavam parados na berma notaram que havia turistas no carro. Começaram a fazer sinais para o táxi parar, fingindo ser agentes ou seguranças.
Se o motorista abrandar, o cenário rapidamente se complica. Tentam convencer-te de que “daqui para a frente já não é permitido passar” ou de que precisas de mudar para uma “charrete oficial” ou “outro táxi autorizado”.
É tudo parte do esquema. Assim que sais do carro, pressionam-te a pagar quantias absurdas por viagens ou visitas falsas.
O melhor conselho? Não saias do carro. Pede educadamente ao motorista para continuar, independentemente da insistência. Ainda melhor: evita por completo a Al Haram Street, o principal terreno de caça destes burlões.
Opta antes por uma rota alternativa pelo lado de Gizé. É muito mais tranquila.
O Engodo dos Bilhetes: Guias Falsos e Passeios “Obrigatórios”
Chegados à entrada oficial, seria de esperar que o caos terminasse, mas é precisamente aí que tudo recomeça. Junto à bilheteira, dezenas de homens abordam turistas fingindo ser guias oficiais ou funcionários.
Alguns insistem que precisas de um guia ou de uma charrete, dizendo que as pirâmides “são demasiado longe para ir a pé”. Outros afirmam que a bilheteira está fechada ou que podem vender bilhetes “mais baratos” ou “sem filas”. Spoiler: é tudo falso.

Nenhum deles pertence ao staff do sítio arqueológico, são apenas intermediários a tentar sacar-te dinheiro antes de entrares.
A verdade é que visitar as pirâmides a pé é perfeitamente possível, e há inclusive autocarros hop-on-hop-off gratuitos para ajudar no trajeto. Já o bilhete pode ser comprado diretamente na bilheteira oficial ou, ainda melhor, no site oficial.
Ignora a confusão, dirige-te à janela e paga o preço oficial.
Dentro do Complexo: Trabalhadores e Guias Demasiado “Prestáveis“
Depois de finalmente entrares, é natural quereres relaxar e aproveitar a experiência de estar num dos lugares mais icónicos do mundo. Mas o Egito ainda guarda mais uma surpresa.
Mal começas a caminhar, surgem homens vestidos como guardas ou funcionários, com grandes sorrisos, prontos a “ajudar-te” a encontrar o melhor ponto para fotos ou o caminho certo.
Alguns oferecem-se para tirar-te fotografias, outros dizem conhecer um “miradouro secreto” que poucos turistas visitam.

Tudo parece inocente, mas invariavelmente acaba por envolver dinheiro. Exigem gorjetas, muitas vezes de forma agressiva, ou recusam devolver a câmara até pagares.
É uma das burlas mais comuns dentro do Plateau de Gizé, e acontece mesmo que sejas simpático.
Conselho: não aceites ajuda não solicitada, mesmo que pareçam oficiais. Mantém a distância e lembra-te de que, ali, todo o favor tem um preço.
A Armadilha do Passeio de Camelo: O Clássico Engano Turístico
Nenhuma visita às pirâmides parece completa sem a imagem clássica: alguém montado num camelo com a Grande Pirâmide em fundo e os burlões sabem isso bem.

Por todo o lado há homens e crianças a oferecer “pequenos passeios” ou “fotografias rápidas” com camelos. O preço parece razoável, apenas alguns dólares, e acreditas que é uma experiência inofensiva.
Mas assim que sobes ao camelo, a história muda. Dizem-te que o valor era “por minuto” e não pela viagem toda, ou exigem mais dinheiro para “te ajudarem a descer em segurança”.
Alguns chegam a afastar-se da zona principal e só te trazem de volta mediante um pagamento absurdo. É uma das burlas mais antigas e frustrantes de Gizé.
Dica: se quiseres mesmo fazer o passeio, combina o preço com clareza antes de subir, certifica-te de que é pelo trajeto completo e não “por pessoa” ou “por minuto”.
Idealmente, reserva a experiência através de um operador oficial ou do hotel. Caso contrário, arriscas acabar com mais stress do que sorrisos (e com a carteira mais leve).
Considerações Finais: Visitar as Pirâmides Sem Ser Enganado
Ver as Pirâmides de Gizé pela primeira vez é um momento que fica para sempre. Por mais fotografias que tenhas visto, estar diante destas construções milenares é absolutamente impressionante.
Mas é verdade: visitar por conta própria pode ser um desafio. O número de pessoas que tenta vender-te algo, guiar-te sem pedires ou enganar-te abertamente pode tornar a experiência cansativa.
O melhor é chegares preparado. Não confies em quem se aproxima “para ajudar” ou “dar indicações”. Caminha com confiança, segue o teu plano e compra os bilhetes apenas na bilheteira oficial. Se quiseres um guia, reserva antecipadamente ou recorre aos serviços oficiais no local. E, se possível, chega cedo: de manhã há menos gente e o ambiente é mais tranquilo.
Apesar de tudo, vale a pena. As pirâmides lembram-nos por que viajamos. Porque, mesmo no meio do caos, há momentos em que olhamos para cima e pensamos: “Não acredito que estou realmente a ver isto com os meus próprios olhos.”