Desde sempre que as Maldivas estavam na minha bucket list. As imagens idílicas que povoam a internet e as revistas de viagens, bem como as ondas, claro, sempre me fizeram sonhar com este destino.
Porém, os preços para visitar as ilhas das Maldivas nunca foram convidativos. Até há não muito tempo a única maneira de visitar este país era ficar alojado num resort de luxo, e embora eu não desgoste de um pouquinho de luxo na vida (quem não…), a minha carteira nunca comportou estadias de milhares de euros.
Mas as coisas mudaram e de repente começou a surgir mais oferta nas ilhas locais. Sim, não temos o quarto sobre o mar, uma infinity pool ou um escorrega que acaba em águas azul-turquesa, mas a experiência de ficar numa ilha local oferece tudo o que as Maldivas têm de melhor e, para mim, é preferível para obtermos uma experiência mais genuína do país.
Neste artigo vou mostrar-vos a minha viagem de nove dias às Maldivas. Vão ficar a saber como consegui viver (e bem) num destino considerado como sendo de luxo, sem ter de gastar muito dinheiro; onde dormir e comer; as atividades que podemos fazer; as ondas que podemos surfar, etc. Tudo acompanhado com dicas e os valores que gastei.
Vamos a isso?
Mas, afinal, onde ficam as Maldivas?
As Maldivas é um dos países mais pequenos do mundo, consistindo num conjunto de cerca de 1200 ilhas… sim, leu bem, 1200 pequenas ilhas e bancos de areias (centenas delas desabitadas) que formam vários atóis.
No total, as Maldivas têm uma extensão de 820 km, de norte a sul, e estão próximas da Índia e do Sri Lanka.
Com a capital Malé, as Maldivas são provavelmente o país mais plano do mundo e a sua população total está na casa das 540 mil pessoas, na sua grande maioria fiel à religião muçulmana.
Chegar às Maldivas e viajar por lá
De avião, pois claro! Há várias formas de chegar às Maldivas através de transporte aéreo. No meu caso, optei por viajar com a Emirates com escala no Dubai. Foram 7h30 entre Lisboa e o Dubai, uma paragem de cerca de três horas no aeroporto, seguidas de mais 4h00 até à capital Malé.
A viagem ficou em 800 euros. Podia ter gasto menos dinheiro, mas gosto muito de viajar pela Emirates, visto que a classe turística oferece bastante conforto e a comida a bordo é também ótima. Já para não falar que consideram o transporte das pranchas de surf no allowance normal, o que significa que, se não ultrapassar o peso de uma mala de porão, não precisamos de pagar mais por isso.
O que fazer numa longa escala no aeroporto?
Enfrentar escalas de algumas horas no aeroporto é natural se tentamos obter voos mais baratos. Mas ficar “presa” no aeroporto não tem de ser um pesadelo. Há algumas coisas que podemos fazer, dependendo do aeroporto, claro.
- Comprar um livro e pôr a leitura em dia. É sempre uma ótima opção para ocupar o tempo;
- Pôr o sono também em dia, caso o voo seja noturno;
- Ir até ao lounge da companhia aérea, se viajar em executiva. Mesmo em turística, há companhias que deixam usar mediante pagamento extra;
- Procurar mais um íman para juntar à sua coleção do frigorífico;
- Receber uma massagem. Há muitos aeroportos que têm agora espaços dedicados;
- Tomar uma refeição decente… mas não o faça no Dubai, se não quer lá deixar metade do seu orçamento de viagem!
Uma vez chegados a Malé, tudo depende do local onde vamos ficar. Os resorts de luxo têm hidroaviões que vão buscar os hóspedes ao aeroporto internacional e os levam até à ilha desejada.
Já no meu caso a opção foi o barco. Para ir para Thulusdhoo, a ilha onde fiquei, apanhei um barco rápido organizado pelo hotel onde fiquei, que me levou a mim e a mais uns quantos habitantes locais.
O valor do transporte de hidroavião está por norma incluído no valor que se paga pela estadia no resort, mas no meu caso paguei 25 euros para chegar e outros 25 euros para depois sair da ilha no final da viagem.
Uma vez na ilha desejada, as deslocações são maioritariamente feitas de bicicleta ou mota e, claro, a pé, já que elas são pequenas. Tenha em atenção que não há estradas entre-ilhas, pelo que quaisquer viagens para fora do local onde está são feitas de barco.
Viagem às Maldivas em tempo de pandemia
Se tudo correr bem, já estará a ler este post num tempo onde a pandemia já passou à história! Mas se não for o caso, tem que se informar junto da embaixada ou do Turismo das Maldivas sobre os procedimentos de entrada e saída do país.
No meu caso, o país estava aberto ao turismo e a estrangeiros, mas houve algumas formalidades a ter em conta. Antes de viajar tive que fazer um teste PCR 72 horas antes, tive que confirmar a vacina da febre-amarela e tive que ter estadia reservada. Dados relativamente a estes três pontos estão incluídos no formulário que temos que preencher online, o IMUGA. Tive que também apresentar comprovativos (incluindo o QR code do IMUG) aquando do check-in e o IMUGA é ainda pedido na imigração à chegada, bem como o passaporte válido, claro.
Já à saída das Maldivas tive que fazer outro teste PCR (o hotel organizou tudo) e preencher um formulário referente a Portugal, mas penso que cada país terá os seus próprios procedimentos.
Não é obrigatório, mas eu recomendo 100%: fazer um seguro de viagem! A fazer surf ou a nadar no mergulho ou snorkeling, nas Maldivas podem acontecer acidentes, seja a cair nas rochas ou a escorregar num barco. E embora o país tenha uma taxa reduzidíssima de casos COVID, não estamos isentos de apanhar.
Para seguro de viagem recomendo o da IATI, que tem todas as coberturas (incluindo COVID), a um dos valores mais baixos de mercado. E se marcar através deste link (ou do banner abaixo) tem ainda 5% de desconto por ser leitor/a do Marlene On The Move.
Nunca ouvi falar de Thulusdhoo
Se está a pensar isso, acredite que eu também não. Foi um casal amigo que me chamou a atenção para esta ilha das Maldivas. E ainda bem que assim foi!
Thulusdhoo fica a cerca de 35 minutos de barco do aeroporto, no Atol de Kaafu, e é uma pequena ilha que se percorre em poucas horas.
Facto curioso: é a ilha da Coca-cola! É assim conhecida porque nela existe a fábrica da Coca-cola das Maldivas, a principal (e única) indústria que existe em Thulusdhoo. Bem, isto sem contar com a indústria do turismo, claro.
Falando com uma habitante local que conheci nesta viagem, ela contou-me que em tempos Thulusdhoo vivia da indústria têxtil. Na ilha havia fábricas de fabrico de roupa que produziam para todas as Maldivas e até para exportação, mas com o tempo fecharam.
Hoje Thulusdhoo vive do turismo, principalmente aquele ligado ao surf, já que na ilha existe uma das melhores ondas das Maldivas — chamada Cokes, devido à fábrica — e está a pouca distância de outras bastante conhecidas, como Chickens (na ilha mesmo ao lado), Ninjas, Sultans e Jailbreaks.
Pouco mais existe em Thulusdhoo para além de alguns hotéis e hostels, restaurantes e negócios virados para o surf e o mergulho, mas a pequena população parece ter tudo o que precisa: alguns mercadinhos, duas mesquitas e uma escola.
O porto é outro dos locais com algum movimento, quer seja pelos barcos que entram e saem com turistas ou com os habitantes locais que trabalham fora da ilha, quer pelas embarcações que trazem os mantimentos necessários para a população, já que nenhum bem alimentar é produzido na ilha.
Onde ficar em Thulusdhoo
Ao contrário do que estava à espera, há vários lugares para ficar em Thulusdhoo, desde o hotel mesmo junto à praia, até aos alojamentos umas ruas mais dentro da ilha. Tirando os hotéis também lá vi alguns alojamentos mais modestos para quem está em mais low budget.
No meu caso, escolhi ficar no Canopus Retreat, um hotel de quatro estrelas, junto à praia (mesmo!) e em frente da onda de Cokes. Aliás, paguei um pouco mais para poder ver a onda da minha varanda e valeu muito a pena!
No total, paguei por oito noites, para duas pessoas, pouco mais de 800 euros. Pode parecer algum dinheiro para tão pouco tempo, mas, a verdade, é que em Portugal pagamos facilmente esse valor por um hotel mais giro, já para não falar que o preço pode ser consideravelmente maior se estiver a falar do Algarve em época alta. Por isso, não achei nada caro para um hotel a dois passos da praia e de uma incrível lagoa, com pequeno-almoço e vista para a onda. Aliás, como fazia anos durante a estadia, tive ainda direito ao meu jantar de anos, com bolo e os parabéns cantados por todo o staff do hotel, que, de resto, foi espetacular desde o primeiro dia!
O Canopus é, sem dúvida, a minha recomendação. Mas para que possam fazer uma escolha mais conforme o vosso gosto e orçamento, deixo aqui alguns dos alojamentos de Thulusdoo:
- Canopus Retreat Thulusdhoo – Onde fiquei e aquele que recomendo.
- Samura Maldives Guest House – Mesmo ao lado do Canopus, acho que será a minha próxima estadia a experimentar!
- Season Paradise – O único que sei que tem piscina no terraço, mas, para dizer a verdade, com aquele mar, quem precisa de piscina.
- Reef Edge – Também na linha de costa do Canopus e do Samura.
Dress code!
Thulusdhoo é uma ilha muçulmana, por isso, há que ter algum pudor ao vestir, principalmente as mulheres. Não senti que tivesse que andar sempre de calças com mangas, mas calções e tops ou vestidos miniatura não são aconselhados. A ilha tem também uma zona de praia chamada Bikini Beach, sendo onde as turistas podem andar de biquíni e fato de banho. Na realidade, é a zona onde estão os hotéis, pelo que não causa grande transtorno.
E como é a comidinha?
Por incrível que pareça, há várias opções para comer em Thulusdhoo, desde a comida internacional aos pratos mais locais.
O Canopus tem um restaurante que serve comida italiana, com pizzas muito boas, mas também um atum braseado de chorar por mais.
Outra das minhas escolhas durante esta viagem foi o Byoni, um restaurante/café bem local, com pratos mais regionais, como os nasi goreng ou o caril. Aqui fui várias vezes porque a variedade de pratos era enorme e os preços muito mais convidativos.
The Sandbar Indulge
Mas para os vegetarianos também há opção. O The Sandbar tem um prato veggie maravilhoso, mas também uns camarões grelhados que fazem querer voltar.
Por último, o Indulge é perfeito para um almoço light depois do surf ou de uma sessão de snorkeling, com sandes incríveis e uns fantásticos bowls de açaí.
“Então e preços?”, estão vocês a pensar. Nada fora do normal! A título de exemplo, uma pizza do Canopus custa $9, um caril no Byoni fica por $5 (mas o arroz é pago à parte) e um veggie plate no The Sandbar chega aos $7. O Indulge é aquele que tem valores mais “europeus”, com um açaí bowl a valer $10… mas é muito bom!
Já que falamos em dólares…
Na ilha os valores são apresentados em dólares e na moeda local, a rupia maldívia, sendo que as lojas, hotéis e restaurantes aceitam pagamento em ambos os formatos.
O meu conselho é que troque o seu dinheiro para rúpias logo à chegada ao aeroporto, visto que se pagar na ilha com dólares e euros, vai sempre receber o troco na moeda local.
Se estiver a pensar pagar com cartão de crédito, a maioria dos locais cobrará uma taxa extra.
Mas vamos ao que interessa: o que posso fazer na ilha?
As imagens que estamos habituados a ver das Maldivas pouco mais variam do que resorts de luxo ou mergulho… a verdade é que, num país constituído por ilhas e um mar sem fim, a água está inevitavelmente no centro das atenções de qualquer viagem a este país.
Assim, as atividades aquáticas são, sem dúvida, o forte das atividades por aqui. O surf, o snorkeling e o mergulho enchem os dias nas Maldivas. As ondas são incríveis e o mergulho é inesquecível. Em poucos lugares do mundo se encontra uma claridade tão grande que permite um nível de visibilidade debaixo de água fenomenal. Já para não falar da riqueza da vida marinha.
Na ilha de Thulusdhoo (e acredito que na maioria das outras) há ainda outras coisas que pode também fazer, como caminhar e andar de bicicleta — desaconselho as horas de maior calor —, dar aso à sua veia fotográfica, ir a banhos nas lagoas ou apenas conviver com os maldivianos que são um dos povos mais simpáticos e prestáveis que já conheci.
Feitas as contas, gastei um total de 1700 euros (por pessoa) nesta viagem de nove dias às Maldivas. Podia ter sido mais low cost? Podia. Isto se tivesse escolhido um hostel mais modesto, tivesse-me cingido à comida local, não tivesse comprado uns souvenires e peças de madeira para a casa, nem tivesse gasto dinheiro nas viagens de barco para o surf e no snorkeling.
Porém, 1700 euros numa semana prolongada naquele que é um dos destinos de luxo mais caros do mundo, não me parece nada mal. 🙂
E vocês, o que pensam disso? Era um destino que gostavam de visitar um dia ou acham que o dinheiro foi mal-empregado?
Comentem na caixa abaixo. Quero saber a vossa opinião!
Em resumo, alguns valores a ter em conta:
- Bilhete de avião: 800 €
- Barco para e da ilha: 50 €
- Hotel: 800 € (8noites/2pax)
- Refeição: 10 €/15 € (média)
- Viagem de barco para as ondas: 5 € a 20 € (depende da distância)
- Tour de snorkeling: 20 € a 100 € (depende do que queremos ver e se inclui almoço)
- Teste Covid PCR: 50 €
- Aluguer de bicicleta: 5 €/hora
NOTA DA MARLENE
Realizei esta viagem às Maldivas no final de setembro de 2021 e os valores referenciados neste post são correspondentes a essa data. Dependendo da altura e época em que visitar o país, os mesmos poderão estar desatualizados.
2 COMMENTS
Inês
2 anos agoMuito interessante. Qual será a ilha mais indicada para ficar se o objetivo for fazer snorkel com mantas gigantes e tartarugas?
Inês
Marlene Marques
2 anos ago AUTHOROlá, Inês! Dizem que o Addu Atoll, a sul, é um dos melhores para o mergulho, mas, para dizer a verdade, acho que a maioria das principais ilhas das Maldivas têm empresas que organizam viagens de barco aos locais mais prováveis para ver os animais. No meu caso, em Thulusdhoo, havia uma empresa que fazia essas viagens de barco. Claro que, quanto mais longe a viagem, mais caro. Por exemplo, para ir ver os tubarões-baleia levava um dia inteiro e o valor chegava aos 100 dólares por pessoa.
Espero ter ajudado com a questão. Boas viagens!