Já havia ouvido falar do Crato um sem-número de vezes. Muito devido ao Festival do Crato que todos os anos chama milhares de pessoas àquela pacata vila do Alto Alentejo.
Então, quando este ano recebi o convite para ir lá assistir ao vivo a esse evento musical, achei uma magnífica oportunidade para conhecer a localidade que lhe dá nome.
Não pense que o Crato é uma vila enorme. Não o é. Talvez consiga vê-la numa manhã ou tarde. Mas se tiver curiosidade, é um ótimo acrescento ao seu programa de viagem caso esteja de visita à região.
Apesar de pequeno, o Crato não deixa de surpreender nos detalhes, muitas vezes encontrados nos edifícios que compõem aquelas ruas tão alentejanas, e até mesmo nas suas gentes.
Nas horas que andei a vaguear por ali tive oportunidade de recolher algumas imagens que tenho a certeza que o/a vão conquistar para uma visita. Ora, espreite!
O Castelo Que Não Existe e a Vista Que Perdura Para Sempre
A minha primeira paragem foi no Largo do Castelo. Ia em busca de uma daquelas bonitas fortalezas que compõem o cenário alentejano e contam parte da sua história. Porém, o Castelo do Crato não existe. Aliás, existem apenas fragmentos daquilo que foi um dia.
“Ai menina, o castelo é isso que se vê e está fechado. Não resta lá muito”, disse um dos habitantes, morador numa das casas que ali se encontram.
Mas se a vista para o “castelo” não é grande coisa, a panorâmica do castelo não desilude.
O Segredo Está Nos Detalhes
E estes estão espalhados pelos edifícios das ruas do Crato. Da Igreja Matriz, à Capela da Cadeia, passando pelos brasões no topo dos edifícios. Levante os olhos do chão ou do telemóvel e garanto que não se vai arrepender.
O Crato e a Ordem de Malta
Confesso que o meu conhecimento sobre a Ordem de Malta e a sua presença em Portugal é quase nulo. Por isso, foi com curiosidade que verifiquei várias marcas desta ordem soberana na vila portuguesa.
“A 23 de Maio de 1232 D. Sancho II doa o Crato à Ordem do Hospital. Em sequência desta doação, Mem Gonçalves, Prior da Ordem, dá Foral à Vila do Crato, no dia 8 de Dezembro desse mesmo ano. De imediato se procedeu à construção do castelo. Depois da batalha do Salado, em 1340, a sede da ordem é transferida por D. Afonso IV de Leça do Balio para o Crato. Nasce assim a designação de Priorado do Crato que conta com 23 Comendas e as seguintes terras e seus termos – Crato, Gáfete, Tolosa, Amieira, Gavião, Belver, Envendos, Carvoeiro, Sertã, Pedrógão Pequeno, Proença-a-Nova, Cardigos e Álvaro. O Grão-Prior do Crato tinha poder espiritual e temporal, com jurisdição episcopal, motivo pelo qual não estava subordinado a prelado algum”, pode ler-se no blog Ordem de Malta.
O Museu do Crato
Parte dessa história estará certamente explicada no Museu Municipal do Crato. Porém, cheguei tarde demais e já não consegui fazer a visita.
De acordo com a brochura do museu, “a coleção é composta por artefatos e objetos artísticos, que ilustram não apenas a vida espiritual mas também a vida material do Crato e da sua população ao longo dos tempos”.
Não faça como eu. Se quiser ir lá espreitar tenha em conta que fecha às 17h e que a última visita é meia hora antes.
Modernidade Em Forma de Arte
Outra das curiosidades que me deparei no Crato foram algumas formas de street art. Nas paredes de alguns edifícios mais degradados encontram-se bonitas pinturas que alegram as ruas da vila.
E, porque não, dar um pezinho de dança?
Como disse, a minha visita ao Crato foi motivada pelo festival de música que todos os anos acontece por lá.
O Festival do Crato começou por ser uma grande feira de artesanato e gastronomia local. A música foi chegando e ganhando expressão e hoje sobem ao palco grandes nomes nacionais e internacionais.
Este é um evento para todos. Tanto se vê jovens, de todas as idades, como famílias acompanhadas de crianças mais pequenas e até bebés.
O ambiente é bastante tranquilo e o espaço amplo e agradável.
No final do festival — ou, pelo menos, na hora que decidi ir embora porque ainda me esperava uma viagem noturna de 2h30 até à minha Ericeira —, voltei até ao Largo do Castelo para pegar o carro.
Caminhei pelas ruas adormecidas, apenas perturbadas por alguns jovens que deambulavam por ali ou pelas batidas da banda que ainda atuava no palco.
Foi um dia em cheio e trago comigo a lembrança da beleza e tranquilidade desta vila alentejana.
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