Ponte de Lima é uma das vilas mais antigas de Portugal e a tradição fala mais alto nas ruas desta bela localidade. Não bastasse a ponte que lhe deu nome e outros locais emblemáticos a visitar, é nas tabernas de Ponte de Lima que as histórias, tal como o vinho, correm soltas.
Por aqui vai ser recebido de sorriso rasgado e malga cheia. Sim, que por estas bandas o vinho — verde tinto por quase obrigação — é servido em pequenas taças de louça antiga. Para que respire e escorregue melhor.
Mas não se acanhe nas opções. Há outras variedades de bebida e também pratos cheios de bons petiscos para que possa forrar o estômago e ter força para continuar nesta ronda pela tasquinhas locais.
Em cada esquina de Ponte de Lima parece surgir um estabelecimento assim, mas estas três que aqui apresento são as mais castiças, as mais antigas e as que parecem nunca deixar ficar mal. Ora, tome nota.
Tasca das Fodinhas
Sim, o nome é brejeiro, mas, segundo a proprietária, a Dona Márcia, parte da cabeça de cada um a leitura que faz dele e da ementa que ali é apresentada.
A Tasca das Fodinhas ganhou fama — nacional, porque os quadros na parede, cheios de celebridades populares, assim o comprova — pela criatividade imposta nos nomes dos produtos ali servidos. Das “Fodinhas quentes na rachinha”, passando pelo “Pauzinho bem direitinho” ou o “Pega em mim que te consolo”, o menu é uma longa lista de nomes sugestivos que deixam margem para a imaginação.
E tudo quer-se acompanhado por uma “putinha” de vinho, ou seja, uma taça mais pequena cheia do néctar da região.
Dona Márcia está muitas vezes ao fogão, mas não se coíbe de meter conversa e, se tiver oportunidade, contar com orgulho que até já foi à televisão.
Um sítio para muitos obrigatório e que já se tornou cartão de visita da vila.
Taberna 27
A Taberna 27 fica no nº 91, por isso não estranhe. Está a apenas alguns metros da Tasca das Fodinhas.
Gente da terra confirma que esta é uma das mais antigas de todas as tabernas de Ponte de Lima e quando entramos percebemos que a tradição ainda está bem viva por ali.
O vinho é rei e senhor da 27 e não fosse escorrer nos bordos das malgas, também as paredes estão carregadas de odes ao líquido mais conhecido da vila.
A Taberna 27 tem passado de geração em geração, sempre na mesma família, e hoje é o casal João e Adélia Dantas que põe ordem no balcão e na cozinha.
Puxe um dos banquinhos de madeira e deixe-se encantar com esta taberna tão genuína.
Tasca Mariazinha
Mariazinha ou Gasparinho… a confusão é justificada, pois os dois nomes aparecem no letreiro. Mas passo a explicar. O senhor Gaspar foi o antigo dono desta taberna da Rua do Arrabalde e ali terá permanecido nas rédeas do negócio até aos seus 90 anos.
Mas, e a Mariazinha?… A verdade é que quando entramos aqui pensamos que vamos encontrar um antigo chefe taberneiro e qual não é o espanto quando vemos que quem está por detrás do balcão é uma jovem mulher limarense.
Maria Mota tomou conta do negócio em 2013 e incute-lhe o dinamismo próprio dos jovens. A tradição continua toda lá: as mesas e bancos de madeira, o bacalhau a fritar ao lume e o vinho a ser servido nas malgas. Já para não falar no cozido à portuguesa, em dias específicos, que transborda da travessa servida à hora de almoço.
Passear pela primeira vez pelas ruas de Ponte de Lima e cruzarmo-nos com estes estabelecimentos é algo único. A simplicidade reina, mas também o conhecimento de muitos dos homens e mulheres da terra que, apesar do lufa-lufa dos turistas, não deixam de ali pousar e trocar dois dedos de conversa na companhia do bom vinho do norte.
E você? Já esteve alguma vez em Ponte de Lima? O que gostou mais? Partilhe a sua opinião sobre este artigo na caixa de comentários em baixo e se tiver mais dicas sobre o norte de Portugal, alguma terra imperdível, deixe também lá!
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