
A Ilha do Sal, em Cabo Verde, é conhecida pelas suas praias de areia branca e água quente, mas há algo ainda mais especial que acontece por aquelas terras. Durante uma parte do ano, as praias transformam-se num refúgio para as tartarugas marinhas que escolhem esta ilha para desovar, dando continuidade a um ciclo de vida que tem tanto de frágil como de fascinante.
Já conhecia a beleza natural da Ilha do Sal e o calor das suas gentes, mas desta vez, voltei lá com outro propósito: testemunhar o nascimento das tartarugas marinhas.
Esta foi uma experiência única que se revelou ainda mais especial graças ao trabalho do Projeto Biodiversidade, uma organização dedicada à preservação da fauna local e à educação ambiental.
Ilha do Sal: O Ciclo de Vida das Tartarugas Marinhas
As tartarugas marinhas são verdadeiras viajantes do oceano, mas é nas praias que a sua história começa e se renova. Entre junho e outubro, as fêmeas regressam às praias onde nasceram para desovar, um processo que desafia a sua força e instinto. Já entre setembro e dezembro, a natureza retribui esse esforço com o nascimento das crias, que, ao emergirem dos ninhos, enfrentam um caminho árduo até ao mar.

Como cheguei ao Sal fora da época de desova, tive o privilégio de assistir à fase seguinte: o nascimento.
Com a orientação do Projeto Biodiversidade, fui até ao berçário que têm junto ao Hotel RIU, em Santa Maria. Ali, as crias são protegidas até estarem prontas para serem libertas no oceano.
O Trabalho do Projeto Biodiversidade
A visita ao berçário foi uma lição de humildade. É impressionante o cuidado e dedicação da equipa, composta por biólogos, voluntários e membros da comunidade local. Para além de monitorizarem os ninhos, garantem que as crias têm a maior probabilidade de sobrevivência, num ambiente controlado e seguro, longe dos predadores.



Durante este período de nascimento, os membros do projeto realizam aos finais de tarde apresentações abertas ao público, onde explicam o seu trabalho e a importância da preservação das tartarugas marinhas. Durante estas sessões, é possível observar a abertura de ninhos e até mesmo o esforço dedicado a salvar as crias que estão a enfrentar maiores dificuldades no nascimento. Estes momentos educativos são ótimos para aproximar os visitantes do Sal da realidade das tartarugas e deixam uma mensagem de conservação que os irá acompanhar e ecoar muito além da ilha (como o caso deste artigo).
Mas para mim houve outro momento muito especial, uma vez que acompanhei a libertação das tartarugas bebés no mar, um processo cuidadosamente planeado para minimizar o stress e não prejudicar a orientação destes pequenos animais.
Apesar de não ser uma atividade aberta ao público, a equipa permitiu-me observar excecionalmente (no âmbito do vídeo que estava a fazer para o canal de YouTube), reforçando a importância de respeitar aquele momento delicado. Foi um privilégio indescritível ver as crias começarem a sua jornada no vasto oceano.




Esta experiência não foi apenas uma lição sobre as tartarugas marinhas, mas também sobre a importância de proteger os ecossistemas que as acolhem. A Ilha do Sal mostrou-me como o turismo pode ser uma força positiva quando alinhado com iniciativas de conservação. O trabalho do Projeto Biodiversidade é um exemplo inspirador de como comunidades locais e visitantes podem unir esforços para preservar a vida selvagem.
Enquanto via as pequenas tartarugas desaparecerem no mar, senti-me grata por testemunhar algo tão especial. Foi um lembrete de que o mundo natural merece ser protegido e celebrado. Passo a passo, uma cria de cada vez.

Veja o vídeo completo!
Já teve uma experiência semelhante a esta? Conte-me nos comentários ou diga-me se gostava de ir ver as tartarugas marinhas na sua próxima visita à Ilha do Sal!
Tartarugas marinhas na Ilha do Sal
