“O que fazer na Ilha de Valentia? Ah! Há muito para ver por lá”. Os olhos de Mary brilhavam enquanto me passava um mapa da pequena ilha no condado de Kerry, na Irlanda.
Tinha parado em Cahersiveen para passar a noite durante a minha volta pelo Ring of Kerry e a simpática irlandesa estava encarregue de preparar o pequeno-almoço no hostel onde fiquei alojada.
Curiosa com as voltas que eu estava a dar ao guia, tentado perceber qual seria a primeira paragem do dia, logo começou a falar da Ilha de Valentia e que era essencial passar por lá.
Não conhecia a ilha e tão pouco estava no roteiro, mas vendo o entusiasmo como era apresentada e sendo a pouca distância de onde eu estava, decidi ir até lá… e foi a melhor decisão que tomei! Valentia tornou-se, sem dúvida, num dos locais a não perder na Irlanda.
- 1. Apanhar o Ferry para a Ilha de Valentia
- 2. Passar por Knightstown e ver a torre do relógio
- 3. Ver a pedra Altazamuth
- 4. Conhecer os antepassados no Valentia Heritage Center
- 5. Provar o gelado de Valentia
- 6. Visitar Glanleam e os seus jardins
- 7. Ir até ao Farol da Ilha de Valentia
- 8. Ver a Gruta de Valentia
- 9. Seguir pegadas no Tetrapod Trackway
- 10. Caminhar pela Geokaun Mountain e ver os Fogher Cliffs
- 11. Espreitar o Poço de St. Brendan
- 12. Subir à torre de Bray Head
- 13. Conhecer a história do cabo transatlântico
- 14. Visitar o Skellig Experience Center
- 15. Visitar as Ilhas de Skellig
- 16. Fazer uma paragem em Portmagee
- 17. Comer um chowder de peixe e marisco
- Ainda no Anel de Skellig
O que ver na Ilha de Valentia
O mapa que Mary me tinha dado mostrava uma ilha pequena, com alguns pontos de interesse a visitar. Mas o que descobri no local foi muito mais.
Neste post vai ficar a conhecer todos os lugares que valem a pena visitar. Pode fazer uma incursão de um dia ou, se quiser conhecer ao detalhe cada um destes sítios, a minha sugestão é que se demore mais algum tempo pela ilha. Não se vai arrepender.
Vamos então
1. Apanhar o Ferry para a Ilha de Valentia
Há duas maneiras de entrar em Valentia: por uma ponte que liga à cidade de Portmagee ou por ferry de Renard Point para Knightstown. Como vinha de Cahersiveen, esta última foi a opção.
A passagem não é barata — paguei 7 euros só de ida — e o tempo de viagem é curto, mas a travessia por aquele canal de água, apreciando o vento na cara e as vistas quer para Valentia como para a paisagem circundante, valem bem a pena.
A informação é que o ferry só opera nos meses de verão. Contudo, a minha visita foi em outubro e a ligação ainda estava em funcionamento. Em último caso, pode sempre optar pela ponte para entrar na ilha.
2. Passar por Knightstown e ver a torre do relógio
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O ferry atraca em Knightstown e assim que entra na estrada vai encontrar uma pitoresca torre vermelha com um relógio. Imagem de marca da ilha, esta construção data dos finais de 1800 e tinha como primeira função pesar o carvão que chegava ao porto. As balanças encontravam-se na secção inferior desta torre, que ganhou mais tarde o relógio por ordem do Cavaleiro de Kerry, que decidiu tornar o edifício mais estético.
Aliás, o nome desta vila deve-se ao Cavaleiro (“knight”, em inglês) de Kerry, que viveu por aquela terra, mais concretamente em Glanleam.
3. Ver a pedra Altazamuth
Em Jane Street, Knightstown, chega à Altazamuth, uma pedra que marca o local exato onde um altazimute — instrumento utilizado para determinar coordenadas — definiu com precisão a longitude de Knightstown, em 1862.
Pode não parecer grande coisa, mas, até àquela data e sem informação longitudinal correta, muitas eram as embarcações que, apenas confiando na posição dos astros, se perdiam no mar.
4. Conhecer os antepassados no Valentia Heritage Center
Também em Knightstown pode visitar o Valentia Heritage Center. Instalado numas antigas instalações escolares, este local de memória da história de Valentia está de portas abertas ao público entre abril e setembro.
Neste espaço, fundado em 1986, encontra três áreas de exposição: a sala de aula, com informação sobre a vida marinha em torno da ilha, a relação dos tetrapods com o local ou dados sobre os Cavaleiros de Kerry; uma zona com referências à ilha e à vida do porto; e ainda uma exposição sobre o Cabo Telegráfico Transatlântico.
5. Provar o gelado de Valentia
Não é todos os dias que um gelado merece destaque, mas este entra diretamente para a lista das melhores coisas para fazer na Ilha de Valentia.
“Estamos aqui à beira do Atlântico com ar fresco, boa relva, vacas saudáveis, fantástico leite e fantástico gelado”, diz Caroline Daly.
Produtores de leite de terceira geração na Ilha de Valentia, os Daly começaram, em 2016, a pensar em novas formas de trazer valor à propriedade e ao leite produzido pelas suas “vacas felizes”… o que resultou na produção de gelado e na criação de uma gelataria.
Aberta apenas nos meses de verão, entre maio e setembro, por aqui pode não só provar os gelados mais famosos da região, como embarcar numa experiência que vai levar a conhecer os meandros desta quinta e o segredo dos seus gelados.
6. Visitar Glanleam e os seus jardins
Foi a antiga casa do Cavaleiro de Kerry, o qual dotou-a de bonitos jardins. São 16 hectares cobertos de plantas exóticas oriundas de várias partes do mundo e trilhos que encaminham pelo meio da floresta, ao longo do rio ou até à praia.
Pode pagar para visitar os jardins, mas se quiser conhecer melhor a casa, terá de passar a noite. É que a Glanleam é hoje propriedade privada, recebendo hóspedes em formato B&B.
7. Ir até ao Farol da Ilha de Valentia
Instalado em Cromwell Point, o Farol da Ilha de Valentia é outro dos lugares a visitar. O que começou por ser um forte construído no século XVI, ganhou função de farol em março de 1828, passando a operar 10 anos mais tarde.
O caminho que leva até este farol é por si só muito bonito e permite lançar o olhar para uma paisagem desafogada, nomeadamente para a ilha de Beginish ou, mais ao longe, o monte Killelan.
Tal como outras atrações na Ilha de Valentia, o farol está aberto ao público entre a Páscoa e o final de setembro.
8. Ver a Gruta de Valentia
Apesar de estar marcada no mapa, cheguei à Gruta de Valentia por pura coincidência. Uma viragem errada na estrada que deu sorte e levou a conhecer mais um pouco da história desta ilha.
A pedreira de Valentia ganhou fama em épocas passadas, com a pedra dali retirada a ir parar a edifícios emblemáticos, como a Casa de Ópera de Paris ou ao Parlamento britânico.
Porém, uma derrocada encerrou a mina em 1910, permanecendo abandonada durante 40 anos. Em 1954, foi colocada a imagem de uma santa no topo da entrada, começando a partir daí a receber alguns eventos religiosos.
Hoje, a pedreira voltou ao ativo, mas a estatueta continua plantada na pedra para quem a quiser ver.
9. Seguir pegadas no Tetrapod Trackway
O nome Tetrapod Trackway surgiu com muita curiosidade. Não sabia para o que ia ou qual a história por detrás deste lugar. Mas o que encontrei foi surpreendente. Não em forma, porque estamos a falar de rastos gravados na rocha há milhões de anos atrás, mas em significado.
Os traços fossilizados que se vêem neste local são o testemunho de quando o ser vivo saiu da água e começou a dar as primeiras pisadas em terra firme.
Para alcançar os vestígios há que percorrer um caminho a pé que só pela vista que proporciona já vale bem a pena.
10. Caminhar pela Geokaun Mountain e ver os Fogher Cliffs
© K. Mitch Hodge on Unsplash
É o ponto mais alto da Ilha de Valentia e oferece uma vista a 360.º das Ilhas Skellig às restantes montanhas de Kerry, e, claro está, sobre a própria Valentia ou a vila de Portmagee.
Pode optar por fazer o percurso a pé ou de carro, com vários parques para parar a viatura, sair e apreciar as vistas.
Deixe-se ficar alguns momentos nos miradouros que vai encontrar, em especial naquele que permite ter uma visão sobre os Fogher Cliffs, ou pare para ler os painéis informativos que contam a história e os mitos por detrás desta montanha.
11. Espreitar o Poço de St. Brendan
Não é local de fácil acesso, em especial se estiver a chover, muito dado ao terreno enlameado. O Poço de St. Brendan encontra-se num ermo, rodeado por nada mais do que pura natureza e, para muitos, alguma desolação.
Mas esta espécie de altar erguido para assinalar a passagem do santo apelidado de “O Navegador” por aquela ilha atrai muitos curiosos. Em grande parte pela lenda que ele conta. Dizem que o santo explorador ali chegou no século V, vindo de Dingle, subiu ao monte e administrou o sacramento da Extrema-Unção a dois pagãos moribundos. Usando a água de uma nascente que ali se encontrava, terá assim dado início ao cristianismo naquela ilha.
O Santo Brendan era lendário pelas suas explorações além-fronteiras por isso, este poço é visitado não só por muitos peregrinos, mas também por simples viajantes.
12. Subir à torre de Bray Head
Outro passeio bastante bonito para fazer na Ilha de Valentia é a subida até à torre de Bray Head. Esta pequena construção de 1815 nasceu após as invasões francesas, tendo assumido funções de posto de vigia naval até aos anos 1920. Hoje fica a meio caminho de um trilho circular de onde pode avistar as Skellig, a Ilha de Valentia e a Península de Iveragh.
13. Conhecer a história do cabo transatlântico
Saindo da zona de Bray Head em direção ao Skellig Experience Center deparei-me com um monumento ao primeiro cabo de telégrafo transatlântico que naquele ponto ligou a Europa aos Estados Unidos da América, em 1866.
Este marco histórico reveste-se de importância se tivermos em conta de que, antes desta ligação existir, uma comunicação levava duas semanas a chegar de uma costa à outra, uma vez que seguia por navio.
Se pensarmos bem, é engraçado estar neste exato lugar a fotografar com um telemóvel, o mesmo com que acedemos à internet e fazemos Facetime com outra pessoa no outro lado do mundo.
Nesta pedra comemorativa pode ler as primeiras palavras proferidas pela Rainha Vitória, via telégrafo, e recebidas pelo presidente norte-americano Buchanan.
14. Visitar o Skellig Experience Center
Grande parte dos visitantes da Ilha de Valentia vão até este lugar porque é daqui que partem os tours que levam até às Ilhas Skellig.
Na verdade, o Skellig Experience Center é essencial para melhor compreender a história destas pequenas ilhas, situadas ao largo de Valentia e que já mereceram distinção por parte da UNESCO como Património da Humanidade.
Neste centro encontra uma sala de exposição, uma loja e um pequeno cinema onde é projetado um filme que retrata as Skellig mais ao detalhe.
15. Visitar as Ilhas de Skellig
As Skellig são duas ilhas rochosas e inóspitas que se posicionam a 12 km da costa de Portmagee. Skellig Michael é a que atrai mais visitantes, uma vez que, em 588, foi ali construído um mosteiro em pedra. Se vir o quanto este lugar é remoto e fustigado pelas condições meteorológicas, vai compreender como é extraordinário alguém ter escolhido viver ali.
E não fosse já esta razão suficiente para visitar Skellig Michael, o local foi também cenário para as gravações dos episódios VII (The Force Awakens) e VIII (The Last Jedi) do Star Wars!
Por esta ilha estende-se um trilho de aproximadamente duas horas. O percurso não é fácil, quer seja pelo piso irregular, como por incluir uma subida de 600 degraus, mas verá que vale a pena.
Já a Little Skellig, como o nome indica, é a mais pequena das duas e serve de casa para milhares de aves marinhas, tornando-se num dos locais favoritos para birdwatching. Ao contrário da Skellig Michael, aqui não pode desembarcar. Mas o sítio não deixa de ser interessante e relevante em biodiversidade.
Ao visitar a Skellig Michael deverá receber um guia de segurança. Um pequeno panfleto que lembra os cuidados que deve ter.
Mas existem 4 pontos que pode desde já decorar:
– Este é um local selvagem e acidentes podem acontecer, por isso, tenha cuidado
– Seja um visitante responsável
– Mostre cortesia para com os outros visitantes
– Tome conta do ambiente
16. Fazer uma paragem em Portmagee
Outro porto que serve os barcos que fazem as visitas às Skellig é o de Portmagee. A pequena vila piscatória é bastante pitoresca e as casinhas de várias cores tornam este local ainda mais especial.
17. Comer um chowder de peixe e marisco
E já que está em Portmagee não saia sem experimentar o famoso chowder. É uma espécie de sopa cremosa, repleta de peixe e marisco. Super típica e saborosa, não se deixe enganar com o conceito “sopa” porque esta opção tão robusta serve bem como prato principal. E se acompanhar com uma Guiness, tanto melhor. Afinal, está na Irlanda!
Mapa da Ilha de Valentia
Guia de Viagem
Como chegar?
O carro é o melhor meio de transporte para chegar à Ilha de Valentia. Pode apanhar o ferry em Renard Point (apenas nos meses de verão) ou passar a ponte a partir de Portmagee.
Onde ficar?
Pessoalmente fiquei em Cahersiveen, a poucos metros do local onde se apanha o ferry para a ilha.
O Sive Hostel é bastante simpático, perfeito para quem pretende apenas passar a noite. Mas existem na ilha várias opções de alojamento. Pode espreitar estas sugestões de estadias na Ilha de Valentia.
Quando visitar?
Sou das que gosta de fugir das épocas altas, por norma mais confusa e cheias de visitantes. Mas no caso da Ilha de Valentia o melhor é apontar para os meses de verão. Isto porque, na época baixa, e devido ao declínio de visitantes, muitos dos locais de visita estão fechados. E se quiser ir até às Ilhas Skellig, cujas visitas estão sujeitas às condições meteorológicas e estado do mar, é mais seguro deixar o inverno e outono para outros destinos de viagem.
Ainda no Anel de Skellig
Aproveite a ida até à Ilha de Valentia e siga viagem pelo Anel de Skellig, um dos locais a não perder na Irlanda. Situado no condado de Kerry, este percurso circular vai levar a conhecer outros sítios incríveis, incluindo:
Skellig Chocolate Factory
Bem perto do mar está a Skellig Chocolate Factory. Se é fã de doces esta é uma paragem obrigatória. Na fábrica de chocolate de Skellig pode espreitar para dentro da zona de produção, fazer uma prova (gratuita!) dos vários chocolates que ali são feitos e, claro está, comprá-los para levar para casa… isto se resistirem até ao seu regresso.
Derrynane House
Casa que pertenceu a Daniel O’Connell, estadista e uma das grandes figuras da história irlandesa moderna, a Derrynane House é hoje uma das atrações do Anel de Skellig.
Esta casa-museu guarda várias relíquias da vida do político irlandês, mas é nos 120 hectares que constituem o Derrynane National Historic Park que está, para mim, o seu verdadeiro encanto.
Agora é a sua vez! Já tinha ouvido falar da Ilha de Valentia? O que achou destas dicas? Ficou com vontade de experimentar? Deixe a sua opinião na caixa de comentários em baixo.
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