Os restaurantes de sushi parecem ter invadido Lisboa. Tirando os últimos dois anos, em que Portugal parou como resultado da pandemia, os estabelecimentos dedicados à comida japonesa têm ganho terreno na capital europeia.
Não falo daqueles restaurantes all-you-can-eat, de qualidade duvidosa, mas, sim, de estabelecimentos que elevam esta cozinha asiática a níveis aos quais não estávamos habituados (ou eu não estava).
Assim é o Mattë.
Mattë: elegância na sala e no prato
Localizado na Calçada Marquês de Abrantes, o Mattë Lisboa abriu portas pela primeira vez em junho de 2020, apresentando um espaço intimista e até de uma certa sofisticação.
Com as mesas envoltas em dourado e mármore negro, o destaque vai desde o primeiro dia para a sua gaiola dourada, um detalhe único que marca ainda mais a diferenciação deste espaço.
É neste ambiente apresentada uma elegante carta, onde saltam à vista elementos nobres como a trufa, o caranguejo-real ou as vieiras.
Para um primeiro visitante, como foi o meu caso, o menu pode ser intimidante. A verdade é que, se não formos conhecedores dos termos desta gastronomia, podemos não saber que peça estamos a pedir. Nem mesmo o ingrediente primordial. Por exemplo, aprendi que otoro é, na realidade, barriga de atum.
Para explicação detalhada e ajuda na escolha pode contar com a incrível equipa do Mattë. Sem snobismo e sempre prestável, o atendimento é exemplar.
Mas vamos ao que interessa…
A comida. Seguido o conselho que me foi dado e colocando a fé na habilidade do chef residente, primeiro chegou à mesa como entrada o Carpaccio Hamachi. Uma pequena travessa composta por lírio dos Açores e trufas, regada com molho ponzu.
Carpaccio Hamachi
Depois, seguiu-se um temaki desconstruído, ou, como consta do menu: freestyle. Ao invés de ser apresentado no formato normal de cone, este temaki chega à mesa numa alga aberta e frita ao ponto de ser crocante. Em cima desta estende-se o-toro (lembram-se que em cima referi tratar-se de barriga de atum), vieira, um ovo de codorniz, trufa e ovas negras. Uma delícia para comer à mão e em duas dentadas.
A refeição no Mattë prosseguiu com gunkan de otoro (após provar a barriga de atum dificilmente se muda) e um futomaki composto por atum, toro, vieira, abacate, tomago, sésamo e tobiko.
A cereja no topo do bolo, ou, direi melhor, o robata foi o nigiri de kobe. Dois pedaços de arroz cobertos com foie gras, trufa e kobe levemente braseado. Daquelas peças que nos fazem voltar uma e outra vez.
Temaki Freestyle Gunkan Amaebi Gunkan Otoro Futomaki Niguiri Kobe
Agora, a dolorosa!
Claro que todos os ingredientes de primeiríssima qualidade, a arte do chef, o espaço intimista e o atendimento ‘top’ não podem resultar numa conta barata.
Para uma refeição para duas pessoas, acompanhada de vinho (o mais barato da lista), prepare-se para gastar entre 120 € a 150 €. Um valor exemplificativo, visto que tudo dependerá dos elementos que escolher do menu e da quantidade.
Tenha também em mente que uma refeição no Mattë é uma experiência gastronómica. As quantidades que chegam à mesa são contidas.
Mas é um sítio onde a refeição foi feita para durar. Para ir degustando cada um dos elementos, enquanto joga conversa fora, entre um copo de vinho e outro.
Cada peça de sushi é feita na hora, com os timings necessários para poder deixar tempo entre um elemento e outro e para que tire o melhor partido de cada sabor.
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