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Descobrir os Museus do Vaticano

Vatican Museums Museus do Vaticano entrada
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A cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano, ali estava, a destacar-se por entre os telhados dos prédios que o meu olhar alcançava a partir daquela varanda no Castelo de Sant’Angelo.

Ir a Roma e não ir ao Vaticano é impensável.

Quando era mais nova encarava o sítio como apenas um monumento, uma grande catedral, no interior da capital italiana. Mais crescida compreendia que se trata de um Estado soberano, uma cidade dentro de outra cidade. Onde no mundo já se viu isto?!… a sério, se conhecem outro caso contem-me nos comentários.

No castelo, olhando para a entrada do Vaticano, tive a consciência de estar entre dois locais bem distintos. Abandonei Sant’Angelo para percorrer a avenida que me colocava às portas do representante máximo do Cristianismo mundial.

Vista sobre a Basílica de São Pedro

Já aqui disse que não sou católica — nem de nenhuma religião em particular —, por isso o meu interesse numa visita ao Vaticano era puramente cultural. Queria ver os museus que guardam tantas obras notáveis da Humanidade.

Para uns, ver o Papa é crucial; para mim, não ver a Capela Sistina seria impensável.

Antes da minha viagem de três dias a Roma, preparei a visita ao Vaticano de forma a evitar as tão famosas filas de turistas. Entrei no site e, ainda em Portugal, comprei os bilhetes de acesso. Ninguém me pára horas numa fila, ainda por cima quando tenho o tempo contado.

Confiante, dirigi-me à Praça de São Pedro e, logo ali, uma fila que dava a volta ao recinto. “Não acredito! Não pode ser… tem de haver uma entrada própria para quem já comprou bilhete.”

Fiquei na fila enquanto o Nuno tratou de ir averiguar a melhor forma para entrarmos. Mas estávamos no local errado. O acesso aos museus não é pela praça, junto à Basílica, mas sim do outro lado daquela cidade!

Com hora de entrada marcada, acelerámos o passo, mas o percurso ainda é longo e as gotas de suor começaram a escorrer pelas costas.

Uma vez à porta, agora sim, do Musei Vaticani, dirigimo-nos a um segurança que logo nos indicou uma entrada directa. Sucesso! Valeu a pena comprar os bilhetes com antecedência.

Deambular pelos Museus do Vaticano

O primeiro contacto que temos com o espaço é uma magnífica escadaria que nos leva ao piso superior. Existe elevador, mas começar a fazer aquela subida em caracol cria uma expectativa crescente do que está para vir.

Há quem prefira visitar museus com um guia ou até sem qualquer companhia. Eu, pessoalmente, sempre que exista audioguia disponível opto por levar um. Permite-me obter informação sobre o que estou a ver, ao mesmo tempo que descubro o local ao meu próprio ritmo. Assim foi nos Museus do Vaticano.

De audioguia em punho, seguimos pela esquerda. Para dizer a verdade, sem saber bem para onde íamos… preveni-me com a compra antecipada dos bilhetes, mas devia ter dedicado algum tempo a pesquisar o percurso que queria fazer.

Museo Chiaramonti Museus do Vaticano

À porta do Museo Chiaramonti, demos por nós em frente de um longo corredor com um repositório imenso de estátuas e bustos. Mais de mil, soube depois. Aqui descobri que ao carregar o número indicado ao lado de cada exemplar no pequeno audioguia saberia um pouco da história de cada peça.

A sala continua para a Galleria Lapidaria, a mais rica coleção de lápides do Vaticano. Decidimos voltar para trás e descobrir o Museo Pio Clementino. De passo lento, tentando absorver tudo o que víamos, percorremos os vastos salões de exposição. Parávamos volta, não volta, curiosos com determinada estátua, mas seguíamos caminho pouco depois pelas salas, até ao Pátio Octogonal para um momento de ar livre.

Museo Pio Clementino Museus do Vaticano
Museo Pio Clementino Museus do Vaticano

Falando em exterior, fomos dar ao Cortile della Pigna, ou, em bom português, o Pátio da Pinha. Este espaço de 300 m2, adjacente aos corredores e salas do museu, assim se chama pela grande pinha em bronze que ocupa a zona norte do pátio.

Sabia que a pinha é muitas vezes utilizada como símbolo de imortalidade e renascimento?

Ainda aqui, o antigo cruza com o moderno, com uma grande e curiosa esfera colocada ao centro, doada ao museu, em 1990, pelo artista Arnaldo Pomodoro.

Cortile della Pigna Museus do Vaticano

A culpa é do Napoleão

Após deambular pelo Cortile della Pigna, respirar fundo e recarregar energias, voltámos ao interior, desta feita para descobrir a nova ala dos museus do Vaticano, que rapidamente se tornou num dos meus espaços favoritos.

O Braccio Nuovo é uma extensão do Museo Chiaramonti e foi construído após o regresso de obras anteriormente confiscadas por Napoleão.

O edifício, que se estende entre as galerias do Chiaramonti e a Biblioteca Apostólica Vaticana, é considerado uma das mais importantes referências da arquitetura neoclássica romana.

Braccio Nuovo Museus do Vaticano

Percorremos os 28 nichos que guardam imponentes estátuas de imperadores, usando o audioguia para aprender um pouco mais sobre aquelas figuras, bem como as estátuas gregas que também se encontram ali.

Não sei se pela beleza das peças, o chão cuidado, o trabalho de mármore ou os tetos altos, mas este é um dos espaços que ainda hoje povoa o meu imaginário quando me lembro desta visita aos Museus do Vaticano.

Braccio Nuovo Museus do Vaticano

Rumo à Sistina

Por esta altura estou completamente perdida, sem saber qual o próximo destino. Mas as ondas de pessoas que se movem à nossa volta parecem saber para onde vão. Seguimos para o andar de cima. Quando começámos a visita percebemos que a Capela Sistina é uma das últimas paragens nesta viagem, por isso, é deixar-nos ir com a maré que certamente vamos lá dar.

No 2º andar, o Museo Gregoriano Etrusco, que reserva de artefactos dos antigos etruscos, um conjunto de povos que chegaram a viver na península italiana. Dali, seguiram-se a Salla della Biga, a Galleria dei Candelabri, a Galleria degli Arazzi (Galeria das Tapeçarias) e, outra das minhas preferidas, a Galleria delle Carte Geografiche.

A Galeria dos Mapas, como é vulgarmente conhecida, é isso mesmo: um corredor forrado a antigas cartas geográficas que nos coloca a olhar os tetos e paredes e a viajar por mapas gigantes que desenharam o mundo há centenas de anos atrás.

A sua dimensão, o cruzamento do azul forte com o dourado, os pormenores, aprender como era antes, sabendo como é hoje. Tudo faz daquele espaço um local muito especial nos Museus do Vaticano.

Desta galeria mais algumas se seguiram, mas as pernas latejavam, o cansaço começava a tomar conta e as ondas de visitantes orientados por guias de bandeirolas levantadas permitiam pouco espaço para dar a atenção devida ao que estávamos a ver.

Por esta altura, o objetivo de todos os que ali estavam era só um: chegar à Capela Sistina.

Tudo por um tecto

Nunca visitei o Louvre — sim, falha grave —, mas quando ouço os comentários sobre a primeira impressão ao ver a Mona Lisa, penso que talvez seja isso que senti quando vi a Capela Sistina.

O espaço é bem mais pequeno do que imaginava. Ou, talvez o facto de estar lotado o torne ainda mais reduzido do que é na realidade.

Assim que entramos somos lembrados que estamos num local religioso e de oração e, por isso, é pedido silêncio (e relembrado constantemente através de um microfone!).

Fotos estão também proibidas. Claro que isso não impede que um sem-número de pessoas tente captar disfarçadamente uma imagem pelo telemóvel. Por mim, concordo com a proibição. Se assim não fosse era certamente ver milhares de máquinas com flash a disparar sobre uma das pinturas mais importante e famosas de Michelangelo.

Ao redor da capela existem lugares para que os visitantes se possam sentar e contemplar a beleza dos frescos. Claro que são concorridos e quase não os vemos. Quem não consegue descansar as pernas tem de se contentar em permanecer de pé, com o nariz no ar e o audioguia traduzindo algumas das cenas ali retratadas.

Logo percebemos que temos de sair dali para dar espaço a uma nova leva de visitantes. O tempo foi pouco, muito pouco para dar a devida atenção àquela obra emblemática do século XV.

Tiro o chapéu ao trabalho ali feito pelo mestre, a todo o detalhe, as cores, as expressões. Mas faltou… magia. Talvez essa seja a sina das grandes obras. Foram feitas para serem admiradas, mas num mar de gente, perdemo-nos na incompreensão.

Saída dos Museus do Vaticano

Sai dos Museus do Vaticano com o sentimento de missão cumprida, mas tendo plena consciência de que muito ficou por ver. A tarde que tínhamos dedicado àquela visita não foi suficiente para percorrer todos os cantos e recantos e de absorver tanta cultura. Mas, para mim, um dia inteiro seria inimaginável, tal seria o cansaço do corpo e espírito. Se é dos que gosta realmente de arte e história, uma visita digna aos Museus do Vaticano deve ser feita em dois meios dias, com calma e muita paciência.

Basílica de São Pedro Vaticano

De regresso à Praça de São Pedro. “Já que estamos no Vaticano, talvez haja tempo para ver o interior da Basílica”, pensei.

A fila que tínhamos encontrado ao início, e que levava ao interior da catedral, permanecia do mesmo tamanho. Nem mais, nem menos. Apenas tinham mudado as caras que a compunham. De pernas cansadas, já não tive coragem para enfrentar mais tempo de pé.

Abandonámos a Cidade-Estado do Vaticano, de volta às ruas romanas. Não de regresso a Sant’Angelo, mas rumo ao nosso “castelo” que durante aqueles dias em Roma foi um Airbnb no centro de Trastevere. No dia dedicado ao Vaticano havia ainda espaço para mais duas formas de arte: a de dormir uma sesta e a de comer una bella pizza ao jantar.

Aprenda com os meus erros…

  • Compre os bilhetes online, com antecedência, e não se esqueça de confirmar onde fica a entrada para os Museus do Vaticano
  • Estude a disposição dos museus e o percurso que vai querer fazer
  • Se quiser ver todos os museus com calma, tente prever mais do que meio dia para o fazer.
  • Leve calçado e roupa confortável (não errei aqui, mas nunca é demais relembrar)
O MEU ROTEIRO

PISO #1

  1. Museo Chiaramonti
  2. Galleria Lapidaria
  3. Museo Pio-Clementino
  4. Cortile Ottagono
  5. Cortile della Pigna
  6. Braccio Nuovo

PISO #2

  1. Museo Gregoriano Etrusco
  2. Salla della Biga
  3. Galleria dei Candelabri
  4. Galleria degli Arazzi (Tapestry Gallery)
  5. Galleria delle Carte Geografiche (Map Gallery)
  6. Sistine Chapel
Gostou do post? guarde para mais tarde!

Passear por entre milhares de obras de arte, deambular de nariz no ar e queixo caído e encher o espírito de cultura e história que não tem fim. Uma ida a Roma não está completa sem uma visita aos Museus do Vaticano.

Marlene On The Move

Marlene Marques

Marlene é a criadora do Marlene On The Move. Jornalista de profissão, criou o blog para partilhar as suas aventuras pelo Mundo. Não é raro partir à descoberta de novos países e culturas com a prancha de surf como bagagem.

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2 COMMENTS

  • Renata Rodrigues

    Postagem maravilhosa, Marlene! Estarei em Roma em outubro, sua experiência muito me será válida ao ir conhecer o Vaticano. Muito obrigada!

    • Marlene Marques
      AUTHOR

      Oi Renata, que bom que gostou. Espero que seja útil. Eu amei Roma e vou voltar novamente um dia. Acho que a sua viagem seja incrível!

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