Quando no início da iniciativa #EuFicoEmPortugal estava a planear que destinos queria ir visitar, duas terras vieram-me logo à cabeça: Vila Nova de Milfontes e a Zambujeira do Mar.
Não que nunca lá tivesse estado antes. Há uns tempos atrás viajava muito para Sagres e o meu percurso favorito era correr a costa rumo ao Sul, passando por todos os seus locais (e praias) mais emblemáticos.
Mas, para dizer a verdade, as passagens que por ali fiz foram sempre breves, nunca dando tempo para conhecer a zona mais ao detalhe. Então, quando esta iniciativa surgiu pensei que seria a oportunidade perfeita para o fazer.
Assim, tirei um fim de semana prolongado para me fazer à estrada, rumo ao Alentejo. Confesso, que agora que a viagem acabou, tinha-me sabido bem ter juntado mais um ou dois dias extras para não fazer tudo tão depressa e poder usufruir com mais calma daquelas praias. Mas o roteiro que vos trago aqui é exequível. Aliás, foi o guião que segui, sem tirar nem pôr. Prova suficiente que é possível ver e fazer muitas coisas, mesmo quando o tempo é mais escasso.
Vamos então a isso! Preparados para conhecer Vila Nova de Milfontes, Zambujeira do Mar e arredores?
Odemira e arredores
– Odemira
– Pego das Pias
– Barragem de Santa Clara
– Praia do Brejo Largo
– Porto das Barcas
As praias e Vila Nova de Milfontes
– Praias dos Aivados e Malhão
– Vila Nova de Milfontes
Rumo à Zambujeira do Mar
– SUP Yoga em Milfontes
– Cabo Sardão
– O Sacas
– Zambujeira do Mar e praias
– Praia da Amália
O que fazer em Odemira e arredores
DIA 1 — Manhã: Odemira
Tinha chegado na véspera a Vila Nova de Milfontes porque queria acordar e começar cedo esta incrível viagem de exploração. E o primeiro destino escolhido, não foi Milfontes (a ela já lá vou), mas Odemira, sede deste vasto concelho alentejano.
A vila banhada pelo rio Mira, o mesmo que deságua no mar junto de Vila Nova de Milfontes, tem um passado que remonta aos tempos da ocupação árabe. Porém, pouco resistiu à passagem dos anos.
O castelo é o único testemunho que ainda existe e mesmo desse apenas consegui ver alguns vestígios, tendo sido transformado na biblioteca municipal.
Mas não é por isso que Odemira perde encanto!
A vila espraia-se numa pequena encosta, como um anfiteatro composto de casinhas brancas que contrastam com o verde da natureza, encaminhando o rio curso abaixo. E há muitos que aproveitam estas águas para caminhar à margem ou fazer remo e canoagem.
Depois há pequenos segredos que valem tudo, como a Fábrica Chocolates de Beatriz. “Uma fábrica de chocolate em pleno Alentejo?”, estará neste momento a pensar. Sim, é mesmo. Um pequeno espaço aberto ao público repleto de delícias que conquistam não só o olhar, como o paladar. Peça um chocolate frio e uns quadrados de chocolate de pimenta vermelha e não se vai arrepender. 😉
DIA 1 — Manhã: Pego das Pias
Depois de sair de Odemira, tracei rumo para o Pego das Pias. Aparentemente, é sobejamente conhecido pelos locais, mas eu nunca tinha ouvido falar.
Levada pela dica de um amigo e imagens que encontrei na internet, coloquei este local na lista… e foi a melhor coisa que fiz!
O Pego das Pias é maravilhoso!
Situado entre São Luís e Odemira, trata-se de uma série de formações rochosas acompanhadas por um curso de água, que formam poças incríveis para tomar banho.
No meu caso, não resisti e coloquei o SUP na água, seguindo o curso para cima até onde a configuração do terreno permite ir.
Foi um passeio maravilhoso! E dizem que se olharmos com atenção vamos ver tartarugas estendidas ao sol nas pedras. Eu, infelizmente, não consegui ver nenhuma.
DIA 1 — Tarde: Barragem de Santa Clara
Tinha destinado este primeiro dia de roteiro pelo litoral alentejano para ir um pouco mais longe e um pouco mais dentro, por isso, o próximo destino foi a Barragem de Santa Clara. De Odemira até lá é cerca de uma hora de carro. No caminho, dá para ter uma ideia de um Alentejo diferente, aquele que já começa a receber algumas influências da Serra de Monchique.
A Barragem de Santa Clara impressiona pela sua dimensão. Perto da localidade de Santa Clara-a-Velha, o espelho de água desta enorme albufeira é muito procurado para a prática de desportos náuticos ou para pesca. Mas é a praia fluvial que faz as delícias de quem visita o local. Até porque esta tem uma plataforma que forma piscinas e é ponto de descanso para quem quer nadar nestas águas.
Eu, satisfeita com os meus mergulhos no Pego das Pias, fiquei desta vez à margem, enquanto o Nuno, que me acompanhou nesta viagem, achou o playground perfeito para experimentar o wing foil. 😉
DIA 1 — Tarde: Praia do Brejo Largo
De regresso da Barragem de Santa Clara, tinha hora marcada com o pôr-do-sol na Praia do Brejo Largo.
Não existe acesso direto à praia e, se não fosse o GPS, dificilmente tinha dado com ela. Aliás, o primeiro caminho que a aplicação deu levou a uma estrada sem saída. Foi à segunda tentativa que cheguei a um estacionamento improvisado em areia e enveredei por um trilho que conduz até à beira-mar. Esta passagem faz, aliás, parte do Trilho dos Pescadores, um dos mais conhecidos e bonitos caminhos da fabulosa Rota Vicentina.
Caminhar pelo trilho de areia e vegetação costeira, com o mar a espreitar e o sol a descer, foi mágico. E a visão sobre a Praia do Brejo Largo, a cereja no topo do bolo.
O acesso mais difícil a este lugar faz também parte do seu charme e é o que permite que esta vasta praia esteja entre as mais tranquilas da região.
DIA 1 — Noite: Porto das Barcas
Fechei o primeiro dia de visita à região de Vila Nova de Milfontes no meu restaurante de eleição desta vila… e um dos meus favoritos do país! O Porto das Barcas.
O restaurante liderado pela Sofia Cabecinha é um clássico de Milfontes e por boa razão! A sua localização, perto do porto de pesca local, é perfeita para apreciar um bom vinho a ver o pôr-do-sol. Depois, o peixe e marisco por aqui é do mais fresco que há e as carnes e acompanhamentos enchem-nos os olhos e o estômago.
A Sofia está sempre a inovar os pratos! Prova disso é o Atum à Portuguesa que comi… e chorei por mais!
As praias e Vila Nova de Milfontes
DIA 2 — Manhã: Praias dos Aivados e Malhão
Acordar em Vila Nova de Milfontes, no Hotel Rural Moitamar, em particular, é uma experiência incrível. Os ares do litoral alentejano, o barulho dos pássaros e a simpatia do staff faz com que qualquer dia comece com o pé direito.
Tinha destinado a manhã para percorrer as praias a norte de Milfontes. Os Aivados e o Malhão, em particular. Há vários anos que estas são ponto de paragem quando quero fazer surf na zona. Mas neste fim de semana, em particular, a ondulação não ajudou e as pranchas não saíram do carro.
Apesar disso, a beleza destes areais é imensa. Inseridas no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, dividimo-nos entre a imensidão de seixos dos Aivados e o vasto areal do Malhão. Sempre com uma bonita vegetação a emoldurar estes trechos de costa alentejana.
DIA 2 — Tarde: Vila Nova de Milfontes
Depois de um almoço no melhor local de sanduíches e saladas da vila, a Paparoca, a tarde foi passada a visitar Vila Nova de Milfontes.
Conhecida como a “Princesa do Alentejo”, Milfontes é um local maravilhoso, super descontraído e com um centro que vale bem a pena a visita.
Um dos meus locais favoritos é o largo do Forte de São Clemente. Apesar de estar encerrada, esta fortificação, também conhecida como Castelo de Milfontes, tinha como função a proteção do porto local e o acesso marítimo, rio acima, a Odemira, muitas vezes tentado pelos piratas que vinham do norte de África.
Esses tempos já lá vão, mas o Forte de São Clemente continua firme na encosta e é uma imagem de marca da terra.
Em frente a este é possível ver outro elemento emblemático da vila: o monumento ao avião “Pátria” que celebra aquela que foi a primeira travessia aérea entre Lisboa e Macau, em 1924, levada a cabo pelos aviadores Brito Paes e Sarmento de Beires.
Por este pequeno largo é comum verem-se pintores que tentam captar a paisagem em tela e tinta, tal é a beleza da vista.
Claro que nenhuma ida a Milfontes está completa sem um passeio pelas suas ruas e ruelas e uma paragem na Mabi para os melhores croissants e gelados da região!
Rumo à Zambujeira do Mar
DIA 3 — Manhã: SUP Yoga em Milfontes
Após ter conhecido no Moita Mar a Nina, uma instrutora de yoga local, acordei cedo para ir até à margem direita do rio Mira para a minha estreia de… SUP Yoga!
O Mira oferece as condições ideais para uma série de atividades aquáticas, e o SUP Yoga é uma delas, já que tira o melhor partido da calmaria daquelas águas.
Escusado dizer que fiquei fã! Os exercícios são, claro, adaptados para a prancha e a estabilidade que ela oferece, mas quero muito voltar a fazer.
DIA 3 — Manhã: Cabo Sardão
Terminada a aula de SUP Yoga era tempo de dizer adeus a Vila Nova de Milfontes e seguir caminho, rumo à Zambujeira do Mar.
Mas não sem antes fazer uma paragem no Cabo Sardão. O farol que aqui existe entrou em funcionamento em abril de 1915 e ainda hoje sinaliza a proximidade ao litoral português.
Esta sentinela partilha o ponto mais ocidental da costa alentejana com cegonhas-brancas e outras aves que têm naquele local o seu poiso. Se é amante de pássaros este é um bom ponto de observação.
DIA 3 — Tarde: O Sacas
Paragem técnica para almoço noutro grande restaurante da região, desta vez já muito perto da Zambujeira do Mar: O Sacas!
Esta casa é um clássico e aqui podemos encontrar os peixes e mariscos mais frescos, não estivesse esta casa paredes-meias com a Entrada da Barca, o porto de pesca local.
Aqui e pela primeira vez, provei o Polvo à Bulhão Pato e garanto-vos que é divinal!
DIA 3 — Tarde: Zambujeira do Mar
A Zambujeira do Mar é uma vila pequenina e muitos consideram que tem pouco para ver. Na realidade, tirando a Capela de Nossa Senhora do Mar, junto da qual está um miradouro, os grandes atrativos desta vila alentejana são o ambiente descontraído que ela proporciona e as praias.
Para além da grande Praia da Zambujeira do Mar, outras entram para a lista das mais belas e que não resisti visitar, como a Praia dos Alteirinhos e, um pouco mais abaixo, a Praia do Carvalhal.
O facto de estarem inseridas no Parque do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, fazem com que se destaquem pela beleza natural, com grandes escarpas e encostas, bem como com extensa vegetação que pode ser percorrida por trilhos que existem no local.
DIA 3 — Tarde: Praia da Amália
Fecho estes três dias de roteiro por Vila Nova de Milfontes e a Zambujeira do Mar com chave de ouro!
Já tinha ouvido falar da Praia da Amália e o quanto bonita é, por isso, decidi fazer-me à estrada e, com a ajuda do GPS, tentar descobri-la.
A Praia da Amália ganhou o nome por ser frequentada pela grande fadista portuguesa, Amália Rodrigues, que tinha uma casa de férias junto a este pequeno areal encaixado na rocha.
Hoje, a antiga casa de Amália foi transformada em alojamento local, mas o acesso à praia é público e faz-se por um trilho no meio da vegetação, acompanhado pelo som da água. É perfeito!
MAPA DOS PONTOS VISITADOS
Como disse no inicio deste roteiro, tive apenas três dias para descobrir esta região incrível, mas há tanto mais que ficou por ver, ou até por usufruir com mais calma. Claro que não deixa de ser a desculpa perfeita para voltar uma e outra vez.
Espero que estas dicas vos sejam úteis para uma próxima visita a Vila Nova de Milfontes e à Zambujeira do Mar e, se tiverem outras sugestões, não deixem de partilhar na caixa de comentários.
Roteiro de Vila Nova de Milfontes à Zambujeira do Mar
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4 COMMENTS
Filipe Morato Gomes
3 anos agoBelas fotos, parabéns! Sou apaixonado por essa região do país, especialmente a Zambujeira do Mar, para onde ia passar férias ainda antes do boom dos festivais de verão.
Marlene Marques
3 anos ago AUTHORObrigada, Filipe! Também é uma região que goste muito, ainda mais fora da época alta. 🙂
Maria Augusta
3 anos agoNão deixe de visitar a cascata das furnas em Vila Nova de Milfontes
Marlene Marques
3 anos ago AUTHOROlá Maria Augusta! Realmente tinham-me falado desse local, mas, infelizmente, faltou o tempo. Mas muito obrigada pela dica! Assim tenho mais uma desculpa para voltar 😉