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Haverá esperança nas grandes marcas?

Coca-Cola no Web Summit
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O tema dos oceanos e da luta contra a poluição pelo plástico sempre me foi muito querido. Por isso, foi com muita curiosidade que conheci o projeto de sustentabilidade da Coca-Cola na última edição do Web Summit, em Lisboa.

“Uma marca de refrigerantes numa cimeira de tecnologia?”, pensarão vocês. Sim, à primeira vista é estranho, mas penso que a presença se justifica pela componente de sustentabilidade que a Coca-Cola veio apresentar.

Talvez deva salientar logo de início que este post não é patrocinado de qualquer forma, nem fui contactada pela marca para promover a sua política de sustentabilidade. Apenas acredito que se deve dar voz a exemplos que podem vir a ter impacto na defesa e conservação dos oceanos. Ainda mais se esta for uma das maiores multinacionais do mundo.

A mesma Coca-Cola, uma nova garrafa

Quem é da minha geração, a X com um pezinho na Y, lembra-se de um clássico do cinema dos anos 80 chamado “Os Deuses Devem Estar Loucos”. Neste filme, passado em África, o membro de uma tribo envereda numa cruzada tentado devolver aos deuses o objeto que caiu do céu – uma garrafa de Coca-Cola.

Nessa altura, as ditas garrafas eram feitas de vidro. Mas a evolução dos tempos e a aplicação em massa do plástico por todo o mundo, fez com que muitas das garrafas vendidas no mercado fosse desse material.

Ora, se considerarmos que “são vendidas mais de 1.7 mil milhões de latas, copos ou garrafas das bebidas produzidas pela Coca-Cola Company por dia”, cerca de 19.675 por segundo (dados 2014)… é muito plástico a circular pelo planeta.

Nunca tinha feito essa relação até que me cruzei com o stand da empresa no último Web Summit e vi que tinha uma nova embalagem – uma garrafa feita a partir de plástico reciclado apanhado no oceano.

Não esperem encontrar este novo produto nas prateleiras dos supermercados. Ainda não é comercializado. O que estava exposto era apenas um protótipo que a Coca-Cola espera um dia conseguir comercial, uma vez que ainda é muito caro produzir este tipo de garrafa.

“A tecnologia ainda é muito nova e o facto de estarmos a trabalhar com plástico retirado do oceano implica que o mesmo tem que passar por vários processos de reciclagem”, explica Ana Kljaic, senior manager e relações-púbicas da marca.

50% do portfólio reciclado

A verdade é que o plástico retirado do mar está muito deteriorado e necessita de mais tratamento antes de estar apto a ser reutilizado.

Mas a vontade da Coca-Cola é forte e a ideia que está na base deste projeto é que a embalagem regresse a casa. “Não queremos que o nosso material vá parar ao mar. Queremos que ele volte para nós e seja reutilizado”, diz Kljaic, que nos conta que o objetivo é que, em 2030, 50% do total do seu portfólio seja feito em material reciclado.

Introduzir esta nova embalagem no mercado, comercializá-la, não será tarefa fácil, de um dia para o outro, mas a Coca-Cola está focada em dar esse passo em frente.

coca-cola public affairs

“É um trabalho que queremos fazer em conjunto não só com os consumidores, mas também com os reguladores e com as ONG’s”

Ana Kljaic

Senior Manager, Public Affairs – The Coca-Cola Company

Pode ser wishful thinking da empresa, pode até ser uma manobra de marketing, tentando fazer passar a imagem de “companhia amiga do ambiente”, mas muitas vezes se as “grandes” mostrarem intenção, todos vão atrás.

E tal como o filme dos 80’s, pode ser que também nós, um dia, nos demos ao trabalho de ir atrás de “Deus” para devolver a garrafa de Coca-Cola e restituir a paz ao mundo.

Marlene On The Move

Marlene Marques

Marlene é a criadora do Marlene On The Move. Jornalista de profissão, criou o blog para partilhar as suas aventuras pelo Mundo. Não é raro partir à descoberta de novos países e culturas com a prancha de surf como bagagem.

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