
Drop In: João Valente, amante de autocaravanismo, Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal
Muito se tem falado sobre o autocaravanismo, ou da tão badalada van life. Durante a pandemia de COVID e nos anos que se seguiram, este turismo sobre rodas ganhou novo fôlego, seduzindo viajantes em busca de liberdade e contacto com a natureza.
Mas o crescimento acelerado trouxe também novos desafios. Uma vaga de viajantes inexperientes e pouco preparados deixou uma marca visível no ambiente e nas comunidades locais, gerando críticas e reservas.
Rapidamente, o autocaravanismo passou de símbolo de liberdade a motivo de discórdia. Mas será justo apontar-lhe o dedo?
João Valente é autocaravanista e lidera um projeto pioneiro na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal: a Rede Nacional de Áreas de Serviço para Autocaravanas. Nesta entrevista, fala sobre o estado atual do autocaravanismo em Portugal — com paralelos que se aplicam a muitos outros países —, desmonta alguns dos preconceitos mais comuns e oferece conselhos a quem está a pensar dar os primeiros passos… ou fazer os primeiros quilómetros ao volante de uma autocaravana.
No final, a sua experiência na estrada propõe uma nova forma de olhar para esta maneira de viajar e de nos relacionarmos com o território.

1. Como começou a tua ligação ao autocaravanismo?
Tal como muitos autocaravanistas, comecei pelo campismo em tenda e, mais tarde, em caravana, ajustando-me aos destinos e condições. Essa experiência permitiu-me conhecer companheiros que viam a autocaravana não apenas como uma forma de praticar campismo, mas como um meio de turismo itinerante, proporcionando a liberdade de viajar sem as limitações dos hotéis ou outras formas fixas de alojamento, evitando toda a logística de check-in e check-out.
O interesse surgiu dessa descoberta, alimentado pelo imaginário das grandes rotas e pelo desejo de explorar o mundo em família, com conforto e autonomia. No nosso caso, eu, a minha esposa e as nossas duas filhas pequenas temos o hábito de, todos os anos, alugar uma autocaravana no estrangeiro para conhecer melhor a região, tornando cada viagem numa aventura única.
2. O teu trabalho influencia a tua forma de viajar? Ou, pelo contrário, as tuas viagens influenciam o teu trabalho?
Ambas são verdadeiras. Trabalhar neste setor faz-me olhar para as condições de acolhimento das autocaravanas com um olhar mais crítico e informado. Em cada viagem, recolho bons exemplos que tento adaptar à realidade portuguesa, mas também experiencio dificuldades que muitos autocaravanistas enfrentam, o que me dá uma perspetiva mais realista e fundamentada.
Por isso, as viagens influenciam diretamente o meu trabalho. No final de cada aventura, sinto que aprendi um pouco mais—não apenas como profissional que opera e dinamiza o setor, mas também como utilizador na estrada, que vive na pele os desafios e as oportunidades deste modo de viajar.
3. O autocaravanismo tem crescido em Portugal? Que fatores achas que têm contribuído para isso?
O autocaravanismo em Portugal tem registado um crescimento notável nos últimos anos, embora seja desafiante quantificar com precisão a sua dimensão devido a diversos fatores. Um dos desafios prende-se com os veículos homologados. De acordo com dados fornecidos pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), até novembro de 2024, estavam matriculadas em Portugal 26.562 autocaravanas. No entanto, este número pode não refletir a totalidade dos veículos utilizados para este fim, uma vez que há cada vez mais veículos transformados ou adaptados para autocaravana que não estão oficialmente homologados. Além disso, a livre circulação no espaço Schengen dificulta a contabilização exata das autocaravanas estrangeiras que entram e circulam em Portugal, tornando complexo o acompanhamento do fluxo turístico associado a esta modalidade. Outro fator que complica a medição do setor é a diversidade de locais de pernoita. Embora as autocaravanas possam pernoitar em parques de campismo, áreas de serviço específicas ou outros locais permitidos, a ausência de um registo obrigatório dificulta a recolha de dados precisos sobre a utilização e permanência destes veículos.
Apesar destas dificuldades, há indicadores claros de crescimento do setor. O mercado de aluguer de autocaravanas tem sido um dos sinais mais evidentes dessa expansão. Este crescimento é impulsionado por vários fatores, a começar pelo crescente interesse de turistas estrangeiros em explorar Portugal de forma autónoma e flexível. A valorização dos destinos do interior tem também desempenhado um papel fundamental, com uma tendência crescente de procura por locais menos massificados e mais autênticos, muitas vezes mais acessíveis através do autocaravanismo. Além disso, o custo mais acessível desta modalidade, quando comparado com outras formas de turismo, torna-a uma opção atrativa para famílias e grupos, já que permite poupança em alojamento e alimentação ao possibilitar a confeção de refeições a bordo.
Outro fator determinante é a liberdade e flexibilidade que esta modalidade proporciona, permitindo itinerários personalizados e a descoberta de locais menos conhecidos. A influência das redes sociais tem também contribuído para este fenómeno, com a partilha de experiências e imagens inspiradoras a motivar um número crescente de entusiastas a experimentar o autocaravanismo.
Em suma, embora a medição exata do crescimento do autocaravanismo continue a ser um desafio, os indicadores disponíveis apontam para uma evolução sustentada do setor, impulsionada pela crescente atratividade de Portugal enquanto destino turístico e pelas inúmeras vantagens associadas a esta forma de viajar.
4. O autocaravanismo tem sido muito debatido, nomeadamente a sua relação com os espaços e as comunidades locais. Consideras que o setor já encontrou um equilíbrio entre a liberdade dos viajantes e a necessidade de ordenamento?
A resposta direta a esta questão é não. As desigualdades territoriais entre o litoral e o interior refletem-se também no autocaravanismo. No litoral, a elevada procura resulta em pressão significativa, acompanhada de restrições e escassez de locais de acolhimento adequados. Esta massificação conduz frequentemente a práticas inadequadas e a impactos ambientais e sociais significativos.
Embora a dessazonalização seja desejável, acolhendo autocaravanas em períodos de menor afluência turística, durante a época alta o autocaravanismo é frequentemente visto como indesejável por autoridades e residentes locais. Este é um desafio contínuo que requer soluções a médio e longo prazo, incluindo:
- Expansão de Infraestruturas de Acolhimento:
- Flexibilidade na Implementação de Infraestruturas em Áreas Protegidas
- Reforço da Fiscalização
- Informação Fidedigna e Multilingue
- Promoção de Destinos Emergentes no Interior.


5. Há muitos mitos e preconceitos sobre o autocaravanismo? Qual é para ti o maior equívoco que as pessoas ainda têm sobre esta forma de viajar?
Um dos maiores equívocos sobre o autocaravanismo é a perceção de que proporciona uma liberdade total, sem restrições, especialmente no que diz respeito aos locais de pernoita. Durante muito tempo, a falta de regulamentação permitiu a ocupação de áreas paisagisticamente atrativas, mas ambiental e socialmente sensíveis, como arribas, centros urbanos e zonas ribeirinhas. Esse comportamento resultou em impactos negativos, o que levou à necessidade de implementar zonas específicas para pernoita.
É fundamental que os decisores compreendam que as autocaravanas são veículos, muitas vezes ligeiros, com capacidade de circular livremente pela rede viária. Por isso, as restrições devem ser equilibradas, respeitando tanto a mobilidade dos autocaravanistas quanto a proteção dos espaços públicos.
Outro equívoco comum é a ideia de que o autocaravanismo é uma forma de viagem totalmente descomplicada e sem desafios. A experiência é muitas vezes romantizada, especialmente nas redes sociais, com imagens idílicas de autocaravanas estacionadas em locais deslumbrantes. No entanto, a realidade pode ser bem diferente. Além das dificuldades logísticas, como a necessidade constante de encontrar locais para reabastecer ou lidar com infraestruturas limitadas ao longo do percurso, viver em um espaço reduzido pode comprometer a privacidade e o conforto, especialmente quando comparado a outras formas de alojamento. Muitos iniciantes no autocaravanismo não têm noção das implicações desse estilo de vida, e a falta de infraestrutura adequada em certos locais pode tornar a experiência mais difícil do que a expectativa inicial.
Para as comunidades locais, é crucial desmistificar a ideia de que todos os autocaravanistas são prevaricadores que deixam vestígios indesejáveis na sua passagem. Pelo contrário, muitos contribuem positivamente para a economia local. Estudos indicam que os autocaravanistas tendem a permanecer mais tempo nos destinos e a consumir produtos e serviços locais, dinamizando as economias das regiões visitadas.
Em suma, para que o autocaravanismo seja uma experiência positiva e responsável, é necessário encontrar um equilíbrio entre a liberdade de viajar e o respeito pelas regras e pelo ambiente.
6. Em termos de infraestrutura, sentes que Portugal está bem preparado para receber os autocaravanistas?
Portugal tem vindo a melhorar as suas infraestruturas para acolher autocaravanistas, mas ainda enfrenta desafios para atender plenamente a crescente procura. O país dispõe de uma rede de parques de campismo operacionais durante todo o ano, beneficiando do clima favorável. Contudo, muitos autocaravanistas procuram alternativas para pernoitar fora destes parques.
A legislação portuguesa prevê a existência de Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASA), que funcionam como uma solução intermédia entre parques de estacionamento e parques de campismo. Estas áreas estão regulamentadas, mas nem sempre a sua implementação foi consistente. Atualmente, há um esforço conjunto entre a administração central e as autarquias para instalar ASA devidamente qualificadas. Este é um desafio que requer investimentos significativos e um compromisso contínuo, cujos resultados estão a surgir gradualmente.
Embora já existam em Portugal ASA de qualidade, o número disponível ainda é insuficiente para atender à crescente procura. Vejam-se os bons exemplos do Algarve, Alentejo e Ribatejo.
7. Como é que os viajantes autocaravanistas podem contribuir para uma melhor convivência com as comunidades locais e para a preservação do meio ambiente?
A convivência harmoniosa entre autocaravanistas e comunidades locais, assim como a preservação do ambiente, depende muito do comportamento responsável de quem pratica esta forma de viajar. Nos destinos do interior, por exemplo, já existem casos de viajantes que se sentiram tão bem acolhidos que decidiram mudar-se para essas localidades, contribuindo para a revitalização dessas regiões. Há também muitos autocaravanistas que regressam regularmente aos mesmos destinos, criando laços com as comunidades locais e integrando-se no seu quotidiano cultural.
No entanto, para que esta convivência continue a ser positiva, é essencial que os autocaravanistas respeitem algumas regras básicas. Evitar o estacionamento prolongado no mesmo local é um dos aspetos fundamentais, pois a ocupação excessiva de determinadas áreas pode ser vista como uma apropriação indevida do espaço público. Além disso, a escolha dos locais de pernoita deve ser feita com responsabilidade, dando preferência a infraestruturas preparadas para receber autocaravanas, como parques de campismo e Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASA).
Uma prática a evitar completamente é o descarte indevido de resíduos sólidos ou efluentes, que deve ser feito exclusivamente nos locais apropriados. Além disso, é importante abolir a tendência de expandir o perímetro da autocaravana em locais não autorizados, montando toldos, mesas e cadeiras que ocupam espaço indevidamente. Pequenos gestos como manter a área limpa, respeitar o silêncio e não interferir na vida quotidiana das populações locais fazem toda a diferença.
Por outro lado, os autocaravanistas também podem contribuir para as economias locais, e essa é uma das grandes vantagens desta forma de turismo. Sempre que possível, devem privilegiar o consumo local, fazendo compras nos mercados da região, escolhendo pequenos restaurantes ou adquirindo produtos diretamente aos produtores locais. Isto não só dinamiza as economias das regiões visitadas, como também promove um turismo mais sustentável e autêntico.
8. Existem boas práticas que Portugal podia adotar de outros países onde o autocaravanismo está mais desenvolvido?
Para além do que já foi referido, uma das principais medidas a adotar em Portugal é o alargamento da rede de locais qualificados para o acolhimento de autocaravanistas. Em países como França, Alemanha e Espanha, existem Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASA) ou zonas de descanso equipadas com sistemas automáticos de receção e controlo de acesso, garantindo um serviço autónomo, eficiente e seguro. Além disso, é essencial que a existência destes locais seja comunicada de forma clara e acessível, distinguindo as infraestruturas devidamente qualificadas daquelas que aparecem sem validação oficial em plataformas digitais de base colaborativa.
Mas não só. Em países como a Suíça ou a Dinamarca, além dos já referidos, é comum encontrar serviços como supermercados, museus e outros pontos de interesse equipados com lugares de estacionamento apropriados ou reservados para autocaravanas. Este reconhecimento da especificidade do autocaravanismo facilita a mobilidade e melhora a experiência do viajante. Não devemos esquecer que o autocaravanista é, acima de tudo, um turista e que procura os mesmos recursos e comodidades que qualquer outro visitante.

9. Neste momento, estás a viajar pelos Alpes com a tua família. Como tem sido essa experiência?
Viajar pelos Alpes em autocaravana tem sido uma experiência fascinante e, simultaneamente, um verdadeiro desafio logístico para a nossa família. A vastidão das paisagens, a diversidade de cenários e a oportunidade de acordar com vistas deslumbrantes são alguns dos grandes privilégios desta forma de viajar. No entanto, existem também desafios, especialmente quando se viaja com crianças. O planeamento precisa ser rigoroso para garantir percursos acessíveis, locais adequados para pernoitar e a gestão eficiente de necessidades como abastecimento de água, eletricidade e descarte de resíduos.
Uma das dificuldades que encontramos foi o facto de estarmos a viajar “fora de época”, ou seja, fora da temporada tradicional para o turismo em autocaravana na região. Isso implica que muitas áreas de serviço estão encerradas ou, no caso das que permanecem abertas, o abastecimento de água está interrompido devido ao risco de congelamento da canalização. Esta situação revelou-se particularmente desafiadora, pois, apesar de consultarmos as plataformas habituais, frequentemente encontrávamos informações que indicavam zonas abertas, mas, ao chegarmos ao local, verificávamos que não estavam operacionais. Esse fator exigiu uma maior flexibilidade e adaptação ao longo da viagem.
A experiência tem sido enriquecedora, não apenas pela descoberta de locais menos turísticos e mais autênticos, mas também pelo contacto com outras famílias autocaravanistas de diferentes nacionalidades, que partilham o mesmo estilo de vida itinerante. Os Alpes oferecem uma grande variedade de áreas de acolhimento, desde parques de campismo bem equipados até áreas de serviço bem estruturadas, o que facilita bastante a viagem. No entanto, existem diferenças notáveis entre os países, com algumas regiões mais adaptadas à realidade do autocaravanismo do que outras.
No final, esta viagem tem reforçado a ideia de que o autocaravanismo não é apenas um meio de transporte, mas uma forma de viver e experienciar os destinos de maneira mais próxima e flexível. Para quem procura aventura e liberdade, não há forma melhor de viajar.
10. Qual foi a viagem de autocaravana que mais te marcou e porquê?
Sem dúvida que a viagem à Escócia foi a mais marcante. Para além de ter sido a primeira grande viagem de autocaravana, e por isso a mais impactante, foi também uma experiência única pela riqueza natural e pela intensidade das paisagens. Mas não se tratou apenas do destino – foi a experiência em si. A estrada tornou-se parte da viagem, com paisagens brutais a cada quilómetro: de um lado, arribas escarpadas a cair sobre o mar; do outro, rios e lagos a perder de vista, encaixados entre montanhas cobertas de neve.
Uma das imagens que mais ficou foi atravessar Glencoe numa noite de lua cheia. A neve brilhava no escuro, a estrada parecia estender-se para sempre entre montanhas imponentes, e o silêncio era absoluto – até aparecerem dezenas de veados a cruzar o caminho. Um trajeto que devia durar uma hora acabou por levar quase três, porque simplesmente não dava para ignorar aquele cenário.
Para além das paisagens, a Escócia surpreendeu pela segurança na estrada e nos locais de pernoita, bem como pela hospitalidade dos locais. Em poucos dias, cruzámos o país e vimos uma diversidade impressionante, onde cada paragem tinha algo de novo para oferecer. Foi uma viagem que ficou gravada na memória.
11. Alguma vez tiveste um percalço ou uma história inesperada em viagem que te ficasse na memória?
Várias. Algumas delas, inevitavelmente, fruto da inexperiência de utilização da autocaravana. Houve momentos em que foi necessário interromper ou desviar trajetos porque a botija de gás tinha acabado no pior momento possível, porque as águas negras já estavam prestes a transbordar da cassete ou porque, depois de longas caminhadas, percebemos que já não tomávamos um banho como deve ser há 36 horas e não havia água potável suficiente a bordo.
Todos estes episódios ensinaram-nos que o planeamento da rota é essencial, tendo sempre em conta a autonomia da autocaravana e a localização dos pontos de abastecimento e despejo. Com o tempo, aprendemos a antecipar estas necessidades e a evitar situações de última hora. Mas faz parte do processo – são estas peripécias que tornam as viagens memoráveis e que fazem com que, a cada nova aventura, estejamos sempre um pouco mais preparados.
12. Como vês o futuro do campismo e do autocaravanismo em Portugal?
O campismo e o autocaravanismo, embora partilhem raízes comuns, evoluíram para modalidades com características próprias. O autocaravanismo, em particular, tem registado um crescimento significativo em Portugal, impulsionado por diversos fatores.
Observa-se um aumento na aquisição de autocaravanas por casais próximos da idade de reforma, que veem nesta opção uma forma de revitalizar esta nova fase das suas vidas. Paralelamente, há uma procura crescente por parte de jovens e adultos com menos de 50 anos que, através do aluguer de autocaravanas, buscam experiências ocasionais de contacto direto com a natureza. Este fenómeno é reforçado pelo surgimento de plataformas de aluguer de autocaravanas, como a Yescapa, que facilitam o acesso a este tipo de turismo.
Adicionalmente, tem-se verificado o crescimento de um nicho de mercado dedicado ao aluguer de autocaravanas em regime de partilha, permitindo que proprietários rentabilizem os seus veículos quando não os estão a utilizar. Este modelo de negócio, semelhante ao “rent-sharing”, tem ganho popularidade e contribuído para a diversificação da oferta disponível.
Este cenário apresenta desafios que exigem respostas claras, especialmente no que diz respeito ao papel das empresas de animação turística e de aluguer de viaturas, sendo crucial distinguir onde termina o produto e começa o serviço. No entanto, estes desenvolvimentos são animadores, pois este segmento turístico contribui para a atração de turistas estrangeiros para Portugal e pode ser um fator importante na promoção da dessazonalização e no combate à desertificação do interior do país.
Quanto ao campismo, daria matéria para toda uma outra entrevista.

13. Que conselhos darias a alguém que queira experimentar viajar de autocaravana pela primeira vez?
O primeiro conselho que daria a quem quer experimentar viajar de autocaravana é planear bem a viagem. Escolher a viatura certa para as necessidades específicas faz toda a diferença, principalmente no que toca a detalhes como casa de banho e cozinha. É essencial estar bem informado sobre o funcionamento da autocaravana antes de partir, desde a gestão de recursos como eletricidade, água, gás e efluentes, até à autonomia do veículo.
Outro aspeto fundamental é ajustar a rota em função das necessidades de abastecimento e despejo. Como regra geral, é recomendável passar por uma estação de serviço, um parque de campismo ou uma área de serviço para autocaravanas dia sim, dia não, para garantir que tudo está operacional. Também é importante ter em conta os horários de funcionamento destes locais, evitando chegar demasiado tarde e ficar sem acesso aos serviços essenciais.
Para quem recorre a plataformas de base colaborativa para encontrar locais de pernoita, é indispensável verificar os comentários e avaliações recentes. Nem sempre a informação disponibilizada reflete a realidade atual, e confiar cegamente nesses dados pode levar a surpresas desagradáveis.
Apesar destes pontos a ter em conta, viajar de autocaravana é uma experiência altamente recomendável. Além da liberdade que proporciona, representa uma grande poupança ao combinar transporte, alojamento e cozinha num só. O facto de se poder cozinhar a bordo reduz significativamente os custos com restaurantes, e a flexibilidade de horários permite otimizar o tempo de chegada e partida dos destinos. No final, é uma forma de viajar que alia conforto, autonomia e a possibilidade de explorar cada destino ao ritmo de quem viaja.