
Se há um lugar na Madeira onde o tempo ganha outro ritmo, é o Jardim do Mar. Entre as ruas empedradas, os muros floridos e o Atlântico sem fim, este pequeno vilarejo na zona sudoeste da Ilha da Madeira parece feito para quem quer viajar sem pressa.
Aqui, os dias fluem ao sabor das marés e das conversas demoradas nos cafés locais. Não há necessidade de correr — e, honestamente, seria um desperdício fazê-lo.
Há duas décadas que frequento este lugar. É o meu porto seguro quando estou de visita à Madeira e daqueles lugares onde me farto de voltar. Todas as viagens recebe-me como um abraço amigo.
Se procura um refúgio onde a contemplação é um estilo de vida e cada detalhe pede para ser saboreado devagar, o Jardim do Mar é esse lugar.
Um dia pelo Jardim do Mar
1. Pequeno-almoço com vista para o mar

O dia começa sem despertadores… exceto, claro, se a maré e o mar chamarem para uma sessão de surf ao nascer do sol.
Mas, se não for o caso, deixe a luz dourada da manhã entrar pela janela e o som das ondas a rebentar nas rochas serem o seu despertador.
Se tiver num alojamento com vista para o mar, tome o pequeno-almoço descontraidamente ou saia de casa rumo a um dos cafés locais.
Porém, como comecei por dizer-lhe, o Jardim do Mar tem o seu próprio ritmo e os poucos cafés que existem não abrem antes das 10h00. Se for madrugador, o melhor será mesmo tratar do seu pequeno-almoço no alojamento.
A única regra? Aproveitar o momento sem olhar para o relógio!
2. Exercitar o corpo a sentir a brisa do mar

A promenade do Jardim do Mar, construída em 2004 e com 750 m de comprimento, não é apenas um local para passeios tranquilos junto ao mar, mas também o espaço perfeito se quiser começar o dia com uma dose de energia.
Seja a caminhar ao ritmo das ondas ou numa corrida enquanto o sol começa a nascer e a inundar o lugar com o seu calor, este é um dos melhores sítios da vila para exercitar o corpo sem perder o contacto com a natureza.
O melhor de tudo? Não há trânsito, multidões ou pressões. Apenas você, o mar e o movimento do seu corpo.
3. Passear sem destino pelas ruas da vila

O Jardim do Mar não foi feito para pressas. As ruas estreitas e empedradas escondem detalhes que só são notados por quem caminha devagar.
Portas antigas pintadas à mão, buganvílias a crescer descontroladamente sobre os muros, janelas com vasos de plantas e flores. São os pequenos pormenores que dão alma a esta vila.
Dica: Se encontrar um dos bancos de pedra espalhados pelas ruas, senta-se. Observe com todos os sentidos. Deixe que a vila fale consigo.
4. Caminhar até um miradouro

O Jardim do Mar está aninhado entre o oceano e falésias impressionantes. Se subir um pouco, encontrará miradouros naturais onde pode parar em silêncio e sentir a magnitude da paisagem.
Aqui, o tempo para. O vento sopra. E o mar lá em baixo parece infinito.
5. Ler um livro à beira-mar

Poucos lugares combinam tão bem com a leitura como o Jardim do Mar.
O som das ondas, a brisa ligeira e a tranquilidade criam o ambiente perfeito para mergulhar num livro.
Dica: Escolha um livro que encaixe no ritmo lento da vila. Um romance, um livro de viagens ou uma narrativa que se desenrole tão devagar quanto o mar.

6. Fazer uma vereda sem pressa

Na Madeira não é preciso ir longe para encontrar um trilho rodeado de natureza. E o Jardim do Mar não é exceção. Aqui encontra a Vereda do Jardim do Mar, um antigo caminho de 1,5 km que o leva pela encosta, rumo à localidade dos Prazeres.
Mesmo nesta parte mais remota da ilha, há percursos que acompanham a água e que oferecem um vislumbre do lado mais selvagem da Madeira.
Por outro lado, se quiser desafiar-se com uma levada, então terá que sair do Jardim. As mais próximas são as Levadas do Rabaçal, como a Levada do Alecrim ou a Levada das 25 Fontes.
Lembre-se: a caminhada faz-se devagar, com pausas para respirar fundo e absorver a paisagem. Não há pressa para chegar ao fim. O caminho é, por si só, o destino.
Vá caminhar, mas vá preparado!

7. Almoçar com calma num restaurante local

Comer no Jardim do Mar não é apenas sobre comida, mas também sobre a experiência de ter uma refeição numa bonita vila madeirense.
Na maioria dos sítios (que não são muitos), não faltam as lapas, o bolo do caco, o picadinho ou até a espetada. O peixe vem fresco do mar, grelhado no ponto. Com a cerveja, o vinho ou a típica Brisa de maracujá a acompanhar, a conversa flui sem pressa de acabar.
Sugestão: Deixe-se ficar à mesa. Aproveite cada garfada. Embale a conversa com o som do mar. Isto também faz parte da viagem.
8. Surfar ou ver os surfistas em ação

O Jardim do Mar é um dos spots de surf mais icónicos da Madeira.
Se a sua ida até ao Jardim foi para experimentar estas ondas, saiba que não terá a tarefa facilitada. A entrada é feita pelo pequeno porto, num verdadeiro teste ao seu equilíbrio e à sua resiliência em não escorregar.
Depois, dependendo do tamanho e direção da ondulação, estas são ondas de consequência, cavadas e com uma energia que terá que ser bom surfista para dominar.
E mesmo que nunca tenha subido a uma prancha de surf, há sem dúvida algo de hipnotizante na dança das ondas e dos surfistas. Ficar a olhar para o mar, a ver a arte dos surfistas nas ondas e a sentir a brisa salgada no rosto, pode ser o plano perfeito para uma tarde sem obrigações.
Não se esqueça de fazer um seguro de viagem!

9. Tirar uma sesta à beira-mar

Com o sol a aquecer e a brisa refrescar, depois do almoço, o corpo pede descanso. No Jardim do Mar, há espaço e tempo para isso.
Feche os olhos e deixa-se levar pelo embalo das ondas.
10. Assistir ao pôr do sol sem distrações

No final do dia, o Jardim do Mar oferece um dos melhores espetáculos naturais da Madeira: o pôr do sol!
O céu pinta-se de tons laranja, rosa e dourado. Com o mar a refletir cada tonalidade, o mundo parece ficar em silêncio.
Dica: Guarde o telemóvel. O melhor registo deste momento é aquele que fica a ver, sem distrações.
Mas se não consegue viver sem o seu telemóvel…

O Jardim do Mar não é um destino para fazer, mas sim para ser, para sentir, para viver.
Se procura uma pausa da correria do seu mundo, este é um lugar onde os dias se vivem sem pressa. Onde cada detalhe se torna especial. E onde a maior lição é aprender a desacelerar.
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Jardim do Mar, Ilha da Madeira
